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Israel: ONU pede cessar-fogo imediato mas Netanyahu quer manter o conflito

Estados Unidos estão preparados para mediar negociações, enquanto vários países se juntam para exigirem uma declaração conjunta do Conselho de Segurança da ONU, que os norte-americanos ainda não autorizaram.
16 Maio 2021, 17h54

O primeiro-ministro interino de Israel, Benjamin Netanyahu, disse, citado pelos jornais do país, que a sua intenção é parar os ataques dirigidos à Faixa de Gaza apenas quando o problema militar estiver resolvido – que é o mesmo que dizer que a guerra continuará até que o Hamas, movimento muçulmano que controla o enclave, deixe de ter capacidade de resposta.

A decisão do primeiro-ministro israelita vai totalmente contra o apelo que a ONU e o seu Conselho de Segurança fizeram este domingo: um cessar-fogo imediato e negociações entre as duas partes, com a provável mediação dos Estados Unidos. Dirigindo-se ao Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora dos Estados Unidos naquela organização, Linda Thomas-Greenfield, disse que o seu país está “a trabalhar incansavelmente pelos canais diplomáticos para tentar pôr fim a este conflito” e pediu a todas as partes que protejam os civis, as clínicas médicas e as instalações da ONU, o que aparentemente não está a acontecer.

A embaixadora disse que os Estados Unidos “deixaram claro que estamos preparados para dar o nosso apoio, caso as partes procurem um cessar-fogo, acreditamos que israelitas e palestinianos têm o direito de viver em segurança”.

Os pedidos de cessar-fogo vêm de todas as partes do mundo. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, criticou os Estados Unidos por bloquearem duas vezes uma declaração conjunta do Conselho de Segurança criticando israelitas e palestinianos pela violência em curso e pedindo um cessar-fogo imediato.

“A China tem trabalhado com países relevantes numa declaração do Conselho de Segurança. Lamentavelmente, devido à obstrução de um país, o Conselho de Segurança não conseguiu falar a uma só voz ”, disse Yi – o que é aliás costumeiro quando em causa está Israel.

“Pedimos aos Estados Unidos que assumam as suas duplas responsabilidades, assumam uma posição justa e, juntamente com a comunidade internacional, apoiem o Conselho de Segurança para amenizar a situação e construir um acordo político”, acrescentou, citado por vários jornais.

A ministra das Relações Exteriores da Noruega, Ine Eriksen Soreide, instou os membros do Conselho de Segurança para que façam uma declaração conjunta. “É vital que o Conselho fale a uma só voz para lidar com a situação. A Noruega está pronta para trabalhar com todos os membros do Conselho para encontrar uma linguagem adequada para lidar com a situação, pedindo um cessar-fogo e reconfirmando o nosso apoio a uma solução de dois Estados”, disse.

Soreide foi secundada pelo ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, também apelou a uma declaração conjunta do Conselho de Segurança.

Já o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse ao Conselho de Segurança que a violência foi “totalmente premeditada pelo Hamas para ganhar poder político”, tentando configurar a questão como uma disputa do poder entre o Hamas e a Autoridade Palestiniana. O Hamas “procurou outra forma de tomar o poder e isso aumentou as tensões em Jerusalém, que serviram de pretexto para lançar esta guerra”, afirmou.

Os dados mais recentes, em constante atualização, apontam para a morte de pelo menos 188 palestinianos em Gaza, incluindo 55 menores e 33 mulheres, com 1.230 feridos.

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