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Israel: para não esquecer o Holocausto

5º Fórum Mundial do Holocausto comemorou hoje, perante dezenas de dignatários de todo o mundo, os 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz. Israel lembrou que o antissemitismo está longe de ter desaparecido. Pelo contrário.
23 Janeiro 2020, 22h28

Dezenas de monarcas, presidentes e primeiros-ministros viajaram para Jerusalém para recordarem o Holocausto e receberam fortes advertências para não ignorarem o crescente anti-semitismo e a violência contra judeus na Europa e nos Estados Unidos.

Os líderes reuniram no centro Yad Vashem, nas colinas ocidentais de Jerusalém, para um evento de três horas realizado no âmbito do 5º Fórum Mundial do Holocausto e os organizadores, o Estado de Israel, esperam que a reunião forme uma frente unida contra o ódio antijudaico, inclusive em países administrados por muitos dos participantes.

“As lições da história foram esquecidas. Lembrar o passado é nosso dever, mas não basta”, dizia o narrador de um vídeo reproduzido no início da cerimónia, com o presidente russo, Vladimir Putin, o presidente francês, Emmanuel Macron e o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, sentados na primeira fila.

Investigadores da Universidade de Tel Aviv, capital de Israel, agregaram uma lista de quase 400 ataques contra judeus em 2018 e alertaram que o anti-semitismo se havia disseminado novamente, principalmente na Europa Ocidental e na América do Norte; França e Alemanha registaram um aumento de mais de 70% na violência antissemita mensurável. Outros estudos mostraram que o conhecimento do Holocausto, no qual seis milhões de judeus, incluindo 1,5 milhão de crianças, foram mortas, está desaparecendo.

O príncipe Carlos, que representou a Grã-Bretanha, alertou para que as lições do Holocausto são “extremamente relevantes para os dias de hoje”, acrescentando que “o ódio e a intolerância ainda espreitam no coração humano” e “adotam novos disfarces”.

Ao mesmo tempo, mas possivelmente não por coincidência, a Alemanha ilegalizava um grupo neonazi chamado Combat 18 Deutschland: a polícia realizou buscas em seis estados alemães no início desta quinta-feira para apreender todos os seus pertences – o grupo é um ramo do Combat 18, que foi fundado na Grã-Bretanha no início dos anos 90 como uma ala militar do Partido Nacional Britânico.

O evento não foi, ainda assim, isento de problemas. Para além de um desentendimento entre Macron e elementos da polícia israelita, o presidente polaco, Andrzej Duda, desistiu de estar presente depois de ser informado que não lhe seria permitido falar, mas que Putin o faria. Os dois líderes discutiram recentemente sobre os comentários de Putin acusando a Polónia de cumplicidade no início da segunda guerra mundial.

Na sua intervenção em Jerusalém esta quinta-feira, Putin recordou que a Rússia, que perdeu mais de 20 milhões de pessoas, e “pagou o preço mais alto, mais do que qualquer outro país” na guerra, acrescentando que os campos de concentração europeus foram “operacionalizados não apenas pelos nazistas, mas pelos seus capangas em vários países”. O chamado colaboracionismo – onde a França também tem enormes culpas – é um dos temas mais negros da história da guerra, com várias linhas históricas em desentendimento.

O presidente da Lituânia, Gitanas Nausėda, também desistiu da viagem a Jerusalém, embora não tenha dito por que uotivo.

Como seria de esperar, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, usou o seu discurso para condenar o que chamou de “tiranos de Teerão” e disse estar “preocupado com o facto de ainda não termos uma posição unificada e resoluta contra o regime mais anti-semita do planeta” – que, na sua ótica, é o iraniano.

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