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Israel: um país em pânico e sem um governo estável

O drama da formação de um governo estável em Israel – uma narrativa que tem mais de um ano – está a deixar os israelitas em pânico: há decisões difíceis e urgentes a tomar, mas não há um governo capaz.
  • Atef Safadi/Reuters
23 Março 2020, 08h12

Num país em pânico com a progressão da pandemia de Covid-19, os líderes políticos israelitas continuam a aumentar o descalabro político em que o país está há mais de um ano, e que as últimas eleições não foram capazes de resolver. Em cima da mesa está, há pelo menos duas semanas, a possibilidade de os dois maiores partidos, o Likud de Benjamin Netanyahu e o Kahol Lavan de Benjamin Gantz, criarem um governo de coligação.

A intenção não é antiga, mas são evidentes as dificuldades que um coligação deste género iria colocar – dada a enorme desconfiança que aparentemente separa os dois líderes. Mas, se o ambiente já é mau, ambos fazem tudo para o piorar: este fim-de-semana, Netanyahu disse que as equipas de negociação dos dois partidos tinham assegurado a coligação – num quadro em que o próprio Netanyahu assumia que Gantz o substituiria dentre de um ano e meio.

Os israelitas terão ficado espantados quando, pouco depois, Gantz desmentiu que as negociações estivessem tão adiantadas que já fosse possível avançar com a iminência da coligação. É que Gantz tem uma alternativa: a criação de um governo por si liderado e apoiado por todos os partidos com assento no Knesset, o parlamento isarelita, com a exceção do Likud.

Ninguém parece dar grande crédito a um governo criado na base de um apoio parlamentar que precise de uma base de apoio que misturaria a direita mais radical e dogmática em termos religiosos com os partidos israelitas árabes – que praticamente não reconhecem a existência uns dos outros.

Desde a passada semana, e face à absoluta necessidade de Israel passar a contar com um governo que lidere a investida nacional contra a pandemia, o presidente do país, Rueven Rivlin, já colocou a hipótese de marcar novas eleições – mas a verdade é que também ninguém acredita que um novo ato eleitoral seja mais esclarecedor que o anterior, realizado no início do mês.

O país está em pânico – a primeira vítima foi um sobrevivente do Holocausto com quase 90 anos – depois de um especialista israelita ter dito que seriam de esperar cerca de 13 mil mortes no país. A Covid-19 já chegou também aos territórios palestinianos, onde as infraestruturas ligadas à saúde são um dos principais problemas, tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza.

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