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Itália: Dia da República leva extrema-direita para as ruas

Dois partidos de extrema-direita, a Liga e os Irmão de Itália, estão em confronto pela liderança de uma faixa do eleitorado que parece ter cada vez mais importância. Com Salvini a perder iniciativa, Giorgia Meloni pode ser a próxima estrela.
2 Junho 2020, 07h15

O dia 2 de junho é o Dia da República em Itália, e mais uma vez a extrema-direita quer usar a data para marcar a possibilidade de regressar ao poder, de onde saiu depois de Matteu Salvini, lider da Liga, ter desfeito a coligação que mantinha com o Movimento 5 Estrelas (M5S). Mas, a acreditar nas sondagens, não é Matteu Salvini quem está mais próximo do poder.

Desgastada por meses de política errática de Salvini e pelo fim do elã do poder, as sondagens indicam que a nova estrela da extrema-direita italiana é a formação dos Irmãos de Itália, liderada por Giorgia Meloni, que tem conseguido capitalizar os descontentes com a Liga.

Este sábado, os Irmãos de Itália já deram um ar da sua nova força: centenas de pessoas vestidas com coletes de automóvel laranja violaram a distância social e sem máscaras e ocuparam a praça Duomo, em Milão, para protestarem contra aquilo que acreditam ser a venda do país às indústrias farmacêuticas. São contra as vacinas, mas principalmente contra o facto de o governo – de coligação entre o M5S e o Partido Democrático – apostar tudo na vacina contra a Covid-19 como única forma de fazer o país sair da crise que se instalou desde os primeiros dias de março passado.

Um general reformado dos Carabinieri, António Pappalardo, é uma das novas estrelas dos Irmãos de Itália e é um dos que ‘vende’ a tese segundo a qual a pandemia é apenas um instrumento para o poder para acabar com as liberdades individuais.

Esta terça-feira, Pappalardo deverá estar em Roma, juntamente com as outras forças da ultradireita, onde se acotovelam antigos holigans, desempregados de longa duração, desencantados com as vacinas e racistas das mais diversas índoles, que tentam fazer o país cair na necessidade da marcação de novas eleições.

A celebração do referendo de 1946, em que os italianos escolheram entre república ou monarquia, é normalmente palco da evidenciação dos conflitos internos que absorve a política italiana a cada ano que passa. Mas tem também a caraterística de deixar evidente aos governos quais são as forças contrárias que naquele momento melhor têm a rua nas mãos.

A única boa notícia para o primeiro-ministro, o independente Giuseppe Conte, é que aparentemente a Liga e os Irmãos de Itália estão a começar a trilhar caminhos divergentes e de conflito entre si – o que dá margem de ‘descanso’ ao governo. Mas pouca – até porque Conte ainda não conseguiu resolver o problema ‘caseiro’: Matteo Renzi – antigo primeiro-ministro que se desligou do Partido Democrático, continua a ser o garante da estabilidade do governo, mas ao mesmo tempo é a sua mais séria ameaça.

Para os analistas, tudo se resolverá a seguir ao verão: a retoma da vida política em setembro por certo deixará claro se o país segue ou não para eleições antecipadas. A maioria parece apostar que ‘sim’.

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