[weglot_switcher]

Itália pendente de um encontro entre Conte e Juncker

Os dois vão encontrar-se no sábado para dirimir argumentação. Bem menos dialogante, Mateo Salvini diz-se agora “à espera de uma carta do Pai Natal”.
  • Giuseppe Conte
22 Novembro 2018, 07h20

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deverão encontrar-se no próximo sábado para dirimir argumentação em torno do projeto de Orçamento de Estado de Itália, chumbado pela Comissão e pela Zona Euro com base na argumentação de que o défice e consequentemente a dívida soberana vão aumentar em 2019 e por arrastamento nos anos seguintes.

Conte mantém-se firma na defesa dos pressupostos do plano, mas parece ter voltado atrás na recusa do diálogo sobre a matéria com a Comissão – face à evidência do desastre que poderia constituir a abertura do procedimento de défice excessivo para a economia italiana. “O governo está convencido da validade do Orçamento: vamos lidar com Juncker no sábado à noite e espero que possamos comparar as nossas posições”, disse, citado pela imprensa italiana.

Os comentadores italianos, mesmo os que consideram que o governo não devia desafiar a Comissão, apontam o dedo a Jean-Claude Juncker: no ano passado, dizem, a Comissão e a Zona Euro “fizeram vista grossa” sobre o Orçamento para 2018, convencidos de que o anterior primeiro-ministro, Paolo Gentiloni, era um fiel seguidor dos procedimentos e recomendações comunitárias. E era – mas já não é primeiro-ministro.

A argumentação de Conte baseia-se na certeza – que mais ninguém parece ter – que só um Orçamento expansionista, que ‘atire’ dinheiro para a economia real, pode incentivar o crescimento económico (tanto pelo lado do consumo, como pelo das exportações), o que, a prazo, determinará o corte no défice e a diminuição da dívida.

Por seu lado, a Comissão alega que esse ‘atirar’ de dinheiro para cima dos reformados, dos desempregados e dos assalariados de menores rendimentos será feito à custa de menor receita fiscal, o que implica novas necessidades de endividamento.

Duas posições, por isso, claramente Inconciliáveis, que o encontro de sábado não deverá alterar. Até porque Conte está respaldado pelas posições dos seus vice-primeiros-ministros, Luigi di Maria e Mateo Salvini.

O primeiro, líder do Movimento 5 Estrelas, tem dito que o Orçamento é capaz de ‘dar a volta’ ao défice e à dívida, precisamente pelo lado do crescimento e salienta que os italianos votaram maioritariamente nessa via quando foram chamados às urnas pela última vez.

Mateo Salvini, líder da Liga, perde-se menos no argumentário caraterístico dos economistas e assume uma postura mais disruptiva. Depois de ter passado a semana a brincar com a intensa atividade missiva entre Roma e Bruxelas, disse que agora “está à espera da carta do Pai Natal”, num claro desprezo pelas razões economicistas que chegam da Comissão Europeia pelo correio.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.