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Itália: Seria a ponte Morandi um espelho das contas públicas italianas?

O governo italiano culpa Bruxelas por limitar o investimento público mas a dívida tem aumentado. A Comissão Europeia já tinha libertado apoios comunitários para investir nas auto-estradas e ferrovias italianas.
17 Agosto 2018, 16h41

Poucas horas depois do colapso da ponte Morandi, na passada terça-feira, Matteo Salvini, vice-primeiro ministro da coligação que dirige o executivo italiano, disse que a União Europeia devia dar margem ao governo para incluir no próximo orçamento de estado todas as verbas necessárias para garantir a segurança das infraestruturas do país.

De uma perspectiva puramente económica, queda da ponte genovesa, que liga Itália à vizinha França, espelha o estado débil das contas públicas italianas e o desinvestimento nas infraestruturas do país. Segundo o “El Economista”, Itália apresenta a maior dívida da zona Euro, o défice tende a baixar lentamente – 2,3% em 2017 – enquanto o crescimento económico está estagnado.

A coligação entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga Italiana culpam Bruxelas por ter limitado o investimento público em Itália. Mas a verdade é que a dívida pública subiu, em 2017, para os 134,1% do PIB.

Além disso, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, o investimento público nas infra-estruturas italiano caiu 58% entre 2008 e 2015. Um estudo do banco central italiano de 2017 revelou que, apesar da queda do investimento público, Roma aumentou a despesa em salários públicos e pensões em 7%.

O governo italiano encomendou uma auditoria de urgência a todas as pontes e túneis que se estendem por todo o país para aferir o investimento necessário em garantir segurança nas infra-estruturas de transporte do país. Mas ao mesmo tempo, Roma quer baixar os impostos, flexibilizar as reformas e travar a subida do IVA que foi acordada entre Bruxelas e o governo anterior para que conseguisse cumprir com os objectivos orçamentais.

A realidade é que Itália revela anos sem crescimento económico, diz a publicação espanhola. Faltam reformas estruturantes e o despesismo como os sucessivos governos têm lidado com a despesa pública, que nada têm que ver com os mandatos oriundos da União Europeia, apenas agrava a situação.

Por seu turno, a Comissão Europeia aprovou em abril de 2018 um plano de investimento no valor de 8.5 mil milhões de euros para as auto-estradas italianas. A cidade genovesa está inserida neste plano. Itália também recebeu 2.5 mil milhões de euros em fundos comunitários para investir na rede ferroviária entre 20214 e 2020.

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