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Jack Ma: as lições de liderança do fundador da Alibaba (c/ vídeo)

O empreendedor chinês, que fundou a gigante do comércio electrónico, vai deixar a presidência do grupo no próximo ano.
10 Setembro 2018, 14h54

O bilionário Jack Ma, o 21º mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em 36,6 mil milhões de dólares), fundador da tecnológica chinesa Alibaba, foi a personalidade do ano 2013 segundo o Financial Times. “Padrinho do espírito empreendedor chinês” e um “verdadeiro inovador”, Ma “personifica a Internet chinesa, com todo o potencial e contradições”.

Jack Ma tem muitas razões para sorrir. O seu próprio trajeto, desde 1995, colou-o definitivamente à sorte da Internet no mais populoso país do mundo. Fruto de circunstâncias estranhas, ele foi pioneiro da ‘web’ na China. Um dia, numa visita à Grande Muralha, conheceu Jerry Yang, um jovem da Universidade de Stanford oriundo de Taiwan e com ligações à Yahoo! Desde aí ficaram amigos e descobriram que tinham “culturas de empresa muito similares, com valores semelhantes”, disse Jack Ma.

Sete anos depois tornaram-se sócios numa das parcerias estratégicas de maior alcance na Ásia. Jack conseguiu reunir mais de 100 milhões de dólares entre 1999 e 2004 provenientes de investidores internacionais institucionais, como o Softbank japonês, a Fidelity Investments e a Venture TDF China, o que lhe permitiu apostar “na convergência na cadeia de valor do comércio eletrónico, o que hoje já é copiado por outros em todo o mundo”.

Hoje anunciou que vai deixar a presidência do grupo, daqui a um ano, para permitir que pessoas “mais jovens” e “mais talentosas” assumam a liderança. Nenhuma empresa pode confiar apenas nos seus fundadores (…) devido a limites na capacidade física e energia de cada um”, afirmou, numa carta, Jack Ma. “Ninguém pode assumir as responsabilidades de presidente e CEO para sempre”, acrescentou.

Este empresário acredita muito na perseverança. Nascido em Hangzhou, na China, aperfeiçoou o seu inglês conversando com os turistas num hotel da cidade. Candidatou-se duas vezes, sem sucesso, à universidade, e por fim entrou numa faculdade local de formação de professores. Depois de se candidatar inutilmente a vários empregos, incluindo secretário do gerente de uma loja da Kentucky Fried Chicken, fez um empréstimo de dois mil dólares para fundar um site chamado China Pages. Mais tarde angariou 60 mil dólares de 18 amigos e, trabalhando no seu apartamento, fundou a firma que viria a ser a Alibaba.

Hoje os discursos do empresário atraem multidões na reunião anual da empresa. Jack confessa que os seus “segredos” são simples de descobrir: apostou no facto de que a China será o maior mercado de Internet do mundo num horizonte próximo, e focalizou-se em servir as PME do maior mercado emergente e de lhes abrir “uma ponte para o mundo”. Faz uma aposta complementar na diáspora de língua chinesa, para atuar no que chama de “mercado chinês estendido”. “Somos como crocodilos do Yangtsé”, gosta de ironizar, para se diferenciar das multinacionais norte-americanas do próprio Silicon Valley, que ele considera “tubarões de oceano”.

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