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Jerónimo Martins afunda quase 11% e castiga PSI-20. Praça portuguesa lidera quedas na Europa

A Jerónimo Martins chegou a perder 13% durante a sessão, penalizada pelos resultados trimestrais, o anúncio do corte dos dividendos relativos ao exercício de 2019 e o guidance para o futuro. O dia foi negro para o PSI-20, com apenas duas subidas (Ibersol e REN), uma inalterada (CTT) e 15 descidas, com as perdas a fazerem-se sentir em praticamente todos os setores de atividade económica. 
  • Cristina Bernardo
14 Maio 2020, 17h35

A retalhista Jerónimo Martins afundou 10,9% esta quinta-feira, para 13,99 euros por ação e castigou o desempenho do principal índice bolsista nacional, o PSI-20, que desvalorizou 2,91%, para os 3.958,57 pontos.

A Jerónimo Martins chegou a perder 13% durante a sessão, penalizada pelos resultados trimestrais, o anúncio do corte dos dividendos relativos ao exercício de 2019 e o guidance para o futuro.

A dona do Pingo Doce reportou um recuo de 0,4%, para 309 milhões de euros no EBITDA, “refletindo os primeiros efeitos da pandemia ao nível dos custos operacionais”, enquanto os resultados líquidos do grupo caíram 43,8%, para 35 milhões de euros, “fortemente impactados pelas diferenças cambiais decorrentes da aplicação da IFRS16 [norma contabilística]”.

A retalhista reviu em baixa a proposta de pagamento de dividendos relativos a 2019, de 0,207 euros brutos por ação em vez de 0,345 euros, cortou o Capex e removeu o guidance para este ano.

“A retalhista nacional é mesmo um dos títulos que mais desvaloriza no universo Stoxx Europe 600”, sublinhou Ramiro Loureiro, analista de mercados do Millennium investment banking.

Os analistas do Goldman Sachs alertaram que mesmo após o o título ter apresentado um desempenho abaixo do esperado desde o pico do mercado em fevereiro, “o corte nos dividendos, a remoção de todo o guidance e o tom cauteloso poderão causar mais fraqueza”.

Mas o dia foi negro para o PSI-20, com apenas duas subidas (Ibersol e REN), uma inalterada (CTT) e 15 descidas, com as perdas a fazerem-se sentir em praticamente todos os setores de atividade económica.

Na banca, as ações do Millennium bcp cederam 3,23%; as papeleiras Navigator e Semapa caíram, respectivamente, 2,19% e 3,12%. Na energia, a Galp perdeu 1,44%, a EDP desvalorizou 2,27% e a EDP Renováveis caiu 3,11%. Na indústria, a Corticeira Amorim cedeu 4,07% e, no retalho, a Sonae perdeu 1,12%.

“O PSI-20 foi quem mais perdeu em dia de quedas na Europa”, frisou Ramiro Loureiro. “As quedas no velho continente foram transversais a todos os setores, com o Retalho a recuar 3%.”. O Stoxx 600, índice pan-europeu, caiu 2,17%.

Em França, o CAC 40 perdeu 1,65%, no Reino Unido, o FTSE 100 caiu 2,75%, na Alemanha, o Dax desvalorizou 1,95%, em Espanha, o Ibex 35 cedeu 1,29% e, em Itália, o FTSE Mib perdeu 1,84%.

O sentimento do mercado está a ser pressionado pelas tensões entre os Estados Unidos e a China, que queria renegociar o acordo comercial de fase 1. “O presidente norte-americano anunciou que não vai renegociar o acordo comercial fase 1 com a China, o que gera alguma tensão no âmbito da guerra comercial”, referiu o analista do Millennium bcp.

Além disso, um estudo da Organização das Nações Unidas prevê que a pandemia deve retirar quatro anos de crescimento à economia global, ou quase 8,5 biliões de dólares, com uma redução de 3,2% no PIB global já este ano.

Ramiro Loureiro lembrou ainda que “no plano macroeconómico, destaque para o crescimento de 11,8% do investimento direto estrangeiro na China em abril. Nos EUA chegou a revelação de foram solicitados quase 3 milhões de pedidos de subsídio de desemprego na semana passada, um número superior ao previsto. Desde 21 de março, já solicitaram subsídio mais de 36 milhões de norte-americanos, cerca 25% da população em idade ativa”.

Nas matérias-primas, a Agência Internacional de Energia afirmou que as perspetivas para os mercados globais de petróleo melhoraram um pouco, com a procura mais forte do que o esperado e a oferta restringida por uma queda abrupta nos preços da matéria-prima.

O preço do petróleo está em valorização. Em Londres, o barril de Brent avança 4,04%, para 30,31 dólares. Nos Estados Unidos, o West Texas Intermediate valoriza 3,72%, para 26,23 dólares.

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