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Jerusalém em alerta máximo na primeira sexta-feira do Ramadão

Cerca de 70 mil muçulmanos – entre eles 10 mil palestinianos que provaram estar vacinados contra a Covid-19 – estão na cidade, para comemorar o início do Ramadão.
16 Abril 2021, 17h40

Por esta hora, uma multidão estimada em cerca de 70 mil muçulmanos – segundo a contagem israelita – convergiu para Jerusalém para rezar no lado islâmico da cidade (mais propriamente na mesquita de Al-Aqsa, no Monte do Templo) nesta primeira sexta-feira do Ramadão. As forças de segurança foram colocadas em alerta, antevendo a possibilidade de haver atos de violência.

A antevisão não é mero exercício retórico: nas últimas três noites, houve diversos focos de tumultos em Jerusalém Oriental, pelo que a polícia israelita preparou um dispositivo de segurança pare gerir possíveis novos focos de agitação em torno da Cidade Velha.

Pelo menos dois polícias e cinco civis ficaram feridos durante estes confrontos em Jerusalém Orienta, depois de terem sido atirados fogo de artifício, pedras e garrafas de vidro contra polícias e transeuntes, e pelo menos seis suspeitos foram presos.

A violência durante o Ramadão é quase tão tradicional como o próprio Ramadão: todos os anos por ocasião da festa muçulmana – que acontece no nono mês do calendário islâmico que, sendo lunar, não tem uma data fixa – acontecem recontros mais ou menos violentos nas regiões onde muçulmanos e judeus têm de conviver. Jerusalém é uma dessas regiões, e o facto de Israel (e alguns, poucos, países) terem adotado a cidade (inteira) como capital do Estado judaico, tem contribuído para o aumento das tensões.

As orações de sexta-feira durante o mês sagrado geralmente atraem centenas de milhares de muçulmanos de Israel e da Cisjordânia para o Monte do Templo. Este ano, porém, devido às restrições do coronavírus, apenas 10 mil palestinianos vacinados receberam permissão para entrar em Israel, segundo relatos da imprensa do país.

Os confrontos surgiram quando a polícia impediu os muçulmanos de permanecerem, por razões de segurança sanitária, nas escadas exteriores do Portão de Damasco. Menos conciliador ainda, foi o facto de Israel ter desligado a eletricidade durante a chamada islâmica para as orações no Monte do Templo, na altura em que essa chamada coincidiu com as comemorações oficiais do Dia da Memória (homenagem aos soldados israelitas mortos nos vários cenários de guerra, que se comemorou este ano a 13 e 14 de abril), realizadas numa praça adjacente ao Muro das Lamentações.

Para piorar, este ano é ano de eleições na Palestina e o governo de Benjamin Netanyahu tem-se esforçado para que os habitantes muçulmanos de Jerusalém Oriental sejam impedidos de participarem nas eleições, alegando que isso seria uma violação da soberania israelita sobre a sua própria capital.

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