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João Ferreira rejeita “política de terra queimada” na Câmara de Lisboa (com áudio)

Vereador comunista escreveu no Twitter que a CDU “proporá e apoiará todas as medidas que considere positivas, ao mesmo tempo que rejeitará e combaterá tudo o que for negativo para Lisboa e para quem nela vive e trabalha”. Posição contrasta com a intransigência do Bloco de Esquerda no que toca a negociações com Carlos Moedas.
  • João Ferreira
29 Setembro 2021, 09h57

O comunista João Ferreira, que no domingo foi reeleito vereador da Câmara de Lisboa, garantiu que a CDU rejeitará “qualquer política de ‘terra queimada’ que abra espaço a estratégias de vitimização” de Carlos Moedas, que foi eleito presidente da autarquia da capital, mas cuja coligação não dispõe de maioria no executivo camarário e na Assembleia Municipal de Lisboa.

“A CDU proporá e apoiará todas as medidas que considere positivas, ao mesmo tempo que rejeitará e combaterá tudo o que for negativo para Lisboa e para quem nela vive e trabalha”, escreveu durante a madrugada desta quarta-feira na sua conta de Twitter o também eurodeputado, que obteve 10,51% dos votos dos eleitores da capital e manteve os dois vereadores que fizeram oposição a Fernando Medina nos últimos quatro anos.

A posição de João Ferreira contrasta com a posição assumida pelo Bloco de Esquerda, que manteve um lugar na vereação de Lisboa – elegeu a também deputada Beatriz Gomes Dias, depois de Manuel Grilo ter completado o mandato de Ricardo Robles, que foi cabeça de lista em 2017, mas renunciou ao mandato após o Jornal Económico revelar os seus negócios imobiliários na capital -, que logo na noite de domingo deixou a garantia de que “não negociamos com a direita”. Assim disse a coordenadora bloquista Catarina Martins numa primeira reação a umas eleições autárquicas desastrosas para o partido, que elegeu apenas quatro vereadores em todo o país (Lisboa, Almada, Porto e Salvaterra de Magos”.

Apesar de ter uma posição substancialmente diferente, o cabeça de lista da CDU à Câmara de Lisboa recordou na série de mensagens que escreveu na rede social que “o projecto e a visão da CDU para Lisboa comportam, obviamente, profundas e significativas divergências face ao programa de Moedas”.

A esse propósito, João Ferreira defendeu que durante as últimas presidências da Câmara de Lisboa por executivos do PSD-CDS – que governaram a capital entre 2001 e 2007, com Pedro Santana Lopes, a quem o comunista qualificou de “pesadelo”, e Carmona Rodrigues -, a CDU foi “a mais combativa e consequente força de oposição na cidade”

Mas João Ferreira também disse que a força obtida pela coligação que junta PCP e PEV servirá, “sejam quais forem as circunstâncias, para construir soluções para os problemas que Lisboa enfrenta e para rejeitar e combater caminhos e opções que agravem esses problemas”, o que abre caminho no mínimo para entendimentos pontuais com o executivo camarário de Carlos Moedas, que tem sete lugares na vereação (incluindo o presidente), tantos quanto a lista do PS e Livre.

“No quadro resultante das eleições de domingo, o reforço da CDU é um dado que pesará no curso da vida na cidade, nos próximos anos”, escreveu ainda o também eurodeputado e ex-candidato presidencial, que é considerado o mais provável sucessor de Jerónimo de Sousa quando este deixar de ser o secretário-geral do PCP.

A hipótese de os dois vereadores eleitos pela CDU aceitarem pelouros na Câmara de Lisboa, integrando o executivo de Carlos Moedas, é tida como bastante improvável, mas encontraria um precedente no acordo que Rui Rio, então presidente da Câmara do Porto, fez em 2001 com Rui Sá. O comunista foi o vereador do Ambiente durante o primeiro mandato autárquico do atual presidente do PSD.el

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