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Jogos Olímpicos: os intocáveis na luta pelo ouro no atletismo

São sete os atletas que podem muito bem ser intocáveis na luta pelo ouro. Mais seis integram a categoria de quase intocáveis e ainda existe uma menção honrosa.
  • Crédito: World Athletics
    Crédito: World Athletics
27 Julho 2021, 13h04

Se no desporto não existem certezas absolutas, já as probabilidades dizem-nos que em certos momentos o vencedor é quase garantido. No atletismo, nos Jogos Olímpicos, existem vários atletas nessa posição de favoritismo. Qualquer resultado diferente deste, nas mais diversas disciplinas da modalidade, à saída de Tóquio, pode ser considerado um verdadeiro tomba gigantes. Será que alguém fora deste lote conseguirá se superar e bater as probabilidades, subindo ao lugar mais alto do olimpo? As perguntas começam a ser respondidas a partir de 30 de julho.

Pode verificar ainda quais são os 11 atletas a seguir no atletismo e quais as perspetivas para a comitiva de Portugal, no atletismo.

Estão programados 24 eventos para o lado masculino e 23 eventos para o lado feminino, e 4×400 misto, entre 30 de julho e 8 de agosto.

Johannes Vetter (lançamento do dardo)

Esta temporada tem estado intocável, e deve ser do mais intocável que existe no atletismo, nesta altura, tamanho o domínio que tem tido esta época na disciplina.

A começar por ser o único com lançamentos acima dos 90 metros. Nesse território só ele reside, o que lhe dá uma grande vantagem relativamente aos restantes atletas.

Os sete melhores lançamentos do ano são seus, e todos eles acima dos 90 metros. O seu melhor registo é 96.29 metros.

Depois de Johannes Vetter o melhor registo pertence a Marcin Krukowski com 89.55 metros. O que significa que mesmo que Johannes Vetter esteja mal é provável que continue melhor que os restantes competidores.

Ryan Crouser (lançamento do peso)

É mais outro dos intocáveis por larga margem. Dos 10 melhores lançamentos cinco são seus. Os três melhores lançamento do ano são de Ryan Crouser. É o único acima dos 23.00 metros. Já para não falar do recorde mundial.

Nesta disciplina pode-se até ir mais longe. Os Estados Unidos da América devem ser intocáveis nesta disciplina. Dos 10 melhores lançamentos do ano, os sete primeiros são pertencentes a este país. Um desses lançadores nem vai estar em Tóquio (Darrell Hill).

No que diz respeito à vitória no lançamento do peso o favoritismo, por larga margem, pertence a Ryan Crouser, e caso haja um tomba gigantes, essa posição pode ficar em Joe Kovacs.

Yulimar Rojas (triplo salto)

É outra das intocáveis, e faz lembrar o nível de intocável atribuído a Johannes Vetter.

Esta temporada é a única que sabe o que é saltar acima dos 15.00 metros, e bem acima desse registo. Dos cinco melhores registos do ano são seus, e todos acima dos 15.00 metros.

A melhor marca do ano é de 15.43 metros

O seu voo, em Tóquio, pode bem apontar na direção de quem sabe um recorde.

Depois de Yulimar Rojas a melhor marca é de Shanieka Ricketts com 14.98 metros.

Grant Holloway (110 metros barreiras)

Tem cinco das dez melhores marcas mundiais da temporadas (1ª, 2ª, 6ª, 7ª igualada com outro atleta, e 10ª igualada com mais três registos) e é o único abaixo dos 13.00, tendo-o feito por duas vezes (12.81 e 12.96). É muito difícil ver o título a lhe escapar, embora as provas que envolvam barreiras tenham sempre algum grau mais elevado de imprevisibilidade face a outras disciplinas da modalide

Entre os poucos que podem bater o favoritismo de Grant Holloway está Omar Mcleod, que tem três das 10 melhores marcas mundiais (3ª, 4ª e 7ª).

Sydney McLaughlin (400 metros barreiras)

Terá oposição à altura, mas também é difícil ver o título a lhe escapar.

É a única na história abaixo dos 52.00, com um registo de 51.90, alcançado nos campeonatos norte-americanos, no Hayward Field.

Esta prova tem condições para ser de alto nível, tendo em conta que Femke Bol, atleta holandesa, já correu a distância em 52.37, a 4ª melhor de todos os tempos, e Dalilah Muhammad já correu a distância em 52.42.

Mondo Duplantis (salto com vara)

A vitória está praticamente nas suas mãos. Das 10 melhores marcas do ano quatro são suas. Tem o melhor registo do mundo (6.10 metros), o 2º, 3º e 4º. É o único que esta temporada conseguiu saltar 6.00 metros ou mais.

O mais próximo de Mondo Duplantis é Renaud Lavillenie, Christopher Nilsen, e Sam Kendricks com 5.92 metros.

Mas numa prova com Mondo Duplantis, Renaud Lavillenie, e Sam Kendricks quase tudo é possível, não fossem eles autênticos magos no que diz respeito ao salto com vara. Mas mesmo sendo magos, o maior mago deste lote, em Tóquio, pode muito bem ser Mondo Duplantis.

Jasmine Camacho-Quinn (100 metros barreiras)

Será difícil a vitória lhe escapar. Tem as três melhores marcas do ano, liderando 12.32.

A maior oposição pode vir de Kendra Harrison com 12.47, e sétimo melhor registo do ano.

Quase Intocáveis

Karsten Warholm (400 metros barreiras)

É favorito embora não com um estatuto de intocável. Mas face ao que tem feito é difícil imagina-lo fora do lugar mais alto do pódio, em Tóquio. Nos Jogos Olímpicos, talvez acompanhado por alguma espécie de deus nórdico, se eles existem, o que é certo é que esta temporada tem estado em grande forma, dando continuidade aquilo que tinha noutras temporadas, algo que deverá ser bastante útil na final.

Tem a melhor marca mundial do ano (46.70), e recorde mundial, e o terceiro registo na distância esta temporada.

A tentar contrariar este favoritismo estará Rai Benjamin (46.83), num confronto que se espera de alta voltagem.

Karsten Warholm e Rai Benjamin são os únicos que sabem o que é correr abaixo dos 47.00. As quatro melhores marcas mundiais pertencem a estes atletas, e dos seis melhores registos mundiais cinco são seus, sendo que o sexto registo mundial é partilhado por dois atletas.

Timothy Cheruiyot (1500 metros)

Não é das opções mais claras, em termos de intocáveis, mas tem mais que condições para não só vencer os 1500 metros, como para alcançar uma vitória esclarecedora.

É certo que perdeu nos campeonatos do Quénia, onde finalizou no 4º lugar, o que inicialmente lhe deixava fora dos Jogos Olímpicos. Mas isso não o parou de no meeting da Diamond League, no Mónaco, vencer, de forma clara, com 3.28.28, levando consigo Mohamed Katir (3.2876), Jakob Ingebrigtsen, e Stewart Mcsweyn (3.29.51), a abaixarem da icónica marca dos 3.30.00, um feito que esteve perto de ser alcançado pelo lendário Rui Silva.

Contudo o Quénia acabou por ser forçado a fazer alterações nos atletas que iriam aos Jogos Olímpicos nos 1500 metros. Kamar Etiang, 2º nos campeonatos do Quénia, acabou por ser retirado da seleção, por não ter efetuado o número mínimo de controlos anti-doping fora de competição (três a dez meses de uma grande competição, e separados por três semanas), refere a ESPN. O Quénia foi colocado na lista dos países de alto risco depois de detetados vários controlos anti-doping positivos, explica a mesma publicação.

Timothy Cheruiyot foi campeão do mundo na distância, em 2019.

Tem condições para vencer os 1500 metros. Será que vai resistir a uma corrida táctica? Esta é a grande questão, e uma dos fatores que lhe podem separar do lugar mais alto do pódio.

A tentar contrariar este estatuto de quase intocável poderão estar atletas como: Jakob Ingebrigtsen, Stewart Mcsweyn

Das 10 melhores marcas mundiais do ano Stewart Mcsweyn possui duas, a quarta e a décima (3;29.51 e 3;31.55), se bem que nos grandes campeonatos isso de pouco valha, mas de qualquer das maneiras são sempre bons indicadores.

África

É difícil ver os 5.000 metros e os 10.000 metros, e a maratona a não irem para o continente africano, quer em masculinos como em femininos.

Nos 5.000 metros masculinos das 10 melhores marcas do ano seis são do continente africano (Quénia, Etiópia e Uganda), duas da Europa (Noruega e Espanha), e duas das Américas (Canadá). E todos eles estão inscritos nos 5.000 metros.

Os 5.000 metros têm tido, esta temporada, um nível altíssimo com 13 marcas abaixo dos 13:00.00 minutos. Aquilo que antes era considerada uma marca icónica, pura e simplesmente tem sido banalizada esta época. Influência do tipo de calçado? Talvez explique uma parte destas performances, e outra seja explicada pela preparação e condição física destes atletas. Qualquer que seja a razão, e o respetivo peso dessa razão no resultado final, o que é certo é que se tem corrido muito rápido.

E se há prova onde África pode não ganhar os 5.000 metros masculinos pode ser uma delas.

Para referência a melhor marca do ano é de 12:48.45 e pertence ao norueguês Jakob Ingebrigtsen.

Nos 10.000 metros masculinos das 10 melhores marcas do ano nove são do continente africano, e um é do Bahrain.

Não estão inscritos Tadese Worku (Etiópia) e 6ª registo mundial, Daniel Mataiko (Quénia) e oitavo registo, e Birhanu Balew e décimo registo (Bahrain).

Esta temporada seis atletas baixaram dos 27:00.00 minutos, e um deles não está inscrito, Tadese Worku.

Será que alguém estará em condições de contrariar estes intocáveis, nos 5.000 metros e 10.000 masculinos?

No lado feminino nos 5.000 metros das 10 melhores marcas do ano oito pertencem a atletas do continente africano (Quénia, Etiópia). A excepção é a Europa (Reino Unido e Holanda).

Nesta disciplina não estão inscritas Margaret Chelimo Kipkemboi e sexto registo mundial (Quénia), e Beatrice Chebet (Quénia) e décima melhor marca do ano.

A melhor marca mundial do ano é de Gudaf Tsegay com 14:13.32.

Nos 10.000 metros das 10 melhores marcas do ano oito são do continente africano. As excepções são Holanda com Sifan Hassan, com o segundo melhor registo, e Bahrain com Kalkidan Gezahegne e quatro melhor registo.

A assinalar que o 3º e 4º melhor registos do ano, nos 10.000 metros femininos, estão registados em Portugal, no Estádio José Vieira de Carvalho, na Maia, através de Gudaf Tsegay e Kalkidan Gezahegne.

Não inscritas nesta disciplina estão Yalemzerf Yehualaw (Etiópia) com o sétimo melhor registo, Irine Jepchumba Kimais (Quénia) oitavo melhor registo, Daisy Cherotich (Quénia) e nono melhor registo, Sheila Chepkirui Kiprotich (Quénia) e décimo melhor registo.

A melhor marca é de Letesenbet Gidey com 29.01.03, e recorde mundial.

Daniel Stahl (lançamento do disco)

Será o favorito. Tem a melhor marca do ano (71.40 metros), e seis dos melhores 10 registos da temporada.

Não entra nos intocáveis pode deve enfrentar forte oposição de Kristjan Ceh, que já lançou 70.35 metros e 69.52 metros. Daniel Stahl e Kristjan Ceh são os únicos acima dos 70 metros.

Pawel Fajdek (lançamento do martelo)

É mais um quase com estatuto de intocável. Tem os três melhores lançamentos do ano. O seu melhor registo é 82.98 metros. Contudo tem em Rudy Winkler um grande opositor, ao já ter lançado 82.71 metros.

Estados Unidos da América (lançamento do martelo)

O lançamento do martelo feminino poderia entrar na categoria dos intocáveis. Dos 10 melhores lançamentos nove pertencem aos Estados Unidos da América, e dos quatro melhores lançamentos todos são dos Estados Unidos América.

Então porque motivos os Estados Unidos da América não entram na lista dos intocáveis? Anita Wlodarczyk, é a razão. Tem demasiada capacidade para ser ignorada, mesmo não estando no seu melhor, e pode ser das poucas a impedir a vitória dos Estados Unidos da América.

A melhor marca do ano é de DeAnna Price (80.31 metros), seguindo-se Brooke Andersen (78.18) com o terceiro melhor registo, e Anita Wlodarczyk (77.93) aparece com o cinco melhor registo.

Os títulos mundiais, olímpicos (2012, 2016) e Anita Wlodarczyk (2009, 2013, 2015, 2017), europeus (2012, 2014, 2016, 2018) e um registo pessoal de 82.98, e recorde mundial, têm o seu peso.

Menção honrosa

Triplo Salto

Não entra nos intocáveis mas esta disciplina tem tudo para dar espetáculo. Na disputa pela vitória devem estar Hugues Zango e Pedro Pablo Pichardo. Em condições normais Hugues Zango deve ser o favorito.

Mas a julgar por aquilo que tem sido esta temporada o mais provável é que a vitória no triplo salto passe por Zango e Pichardo. Das 10 melhores marcas do ano seis pertencem a Zango ou a Pichardo.

Zango tem a 2ª, 4ª e 7ª, enquanto que Pichardo tem a melhor marca do ano, 3ª e 6ª.

Há ainda outro factor que pode ter influência no resultado final. Zango, Pichardo, e também Andy Diaz são os únicos a saltar acima dos 17.50 metros, que poderá ser um patamar mínimo para quem queira estar na luta pelos lugares cimeiros do triplo salto.

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