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Jorge Santos recusa comentar alegada propaganda do governo de Cabo Verde

“Abstenho de emitir uma opinião como presidente da Assembleia Nacional, atendendo que existe uma instituição reguladora e superior que vai emitir esta mesma comunicação”, disse.
4 Junho 2019, 08h00

O presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Jorge Santos, disse esta segunda-feira que se abstém de emitir opinião sobre a alegada campanha de propaganda política do governo cabo-verdiano uma vez que existe uma entidade reguladora para o efeito.

Jorge Santos foi interpelado pelos jornalistas sobre a sua participação na Cimeira Mundial do Governo Aberto, realizada na cidade de Otava, no Canadá: “Abstenho de emitir uma opinião como presidente da Assembleia Nacional, atendendo que existe uma instituição reguladora e superior que vai emitir esta mesma comunicação”, disse.

Os anúncios publicitários que o governo de Ulisses Correia e Silva tem passando nos órgãos de comunicação social do Estado, para assinalar os três anos de governação da IX Legislatura tem gerado uma serie de reações.

Jorge Santos lembrou que esta campanha já foi objeto de uma queixa na Autoridade Reguladora da Comunicação Social (ARC), por isso, neste momento, “é preciso aguardar a decisão” desta entidade.

Em declarações à Rádio de Cabo Verde, na sexta-feira, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, considerou esses spots “desnecessários, inadequados e desproporcionais” em relação àquilo que é “legítimo” em matéria de direito de comunicação.

“Do ponto de vista daquilo que é um direito legítimo de comunicação de um Governo em democracia, creio que aquilo que tem sido matéria de polémica, para mim, representa algo que é desnecessário, inadequado e desproporcional”, afirmou o chefe de Estado cabo-verdiano.

Um assunto que marcou a última sessão parlamentar. Rui Semedo, deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), considerou, numa declaração política, que o conteúdo do “produto propagandista” do Governo contempla as áreas em que os resultados são “mais débeis ou praticamente inexistentes”.

O maio partido da oposição classificou ainda de “desonestidade sem limites” o facto de o governo justificar a sua “propaganda fora do período eleitoral”, porque o anterior executivo também o tinha feito.

Considerações feitas depois do deputado do MPD, Miguel Monteiro, ter considerado, um dia antes, que o governo do PAICV gastou de 2005 a 2011 “141 mil contos na difusão dos dados em relação aos vários ministérios ”e que em 2015 nas vésperas das eleições “não se chegou gastar 20 mil contos por ano, mas a modica quantia de 54 mil contos só em publicidade e propaganda e de janeiro a março de 2016 12 mil contos”.

O líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, lembrou que, no passado, o seu partido estranhou a forma como o executivo liderado pelo PAICV fazia e agora faz mesmo em relação ao governo do MPD fazem a publicidade das suas realizações.

“A melhor de publicidade que se possa fazer é fazer as coisas acontecerem para que as pessoas sintam que nas suas vidas há mudança pela positiva, porque o governo que elegeu está a trabalhar nesse sentido”, indicou António Monteiro, para quem, quando “não existem resultados palpáveis” recorre-se a “subterfúgios para fazer passar a imagem de que se está a fazer muita coisa”.

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