[weglot_switcher]

Jornalista, poeta, fundador do Movimento Ecológico: Afonso Cautela morre aos 85 anos

Afonso Cautela, pioneiro nas preocupações com o meio ambiente e os problemas do consumismo, faleceu esta sexta-feira, 29 de junho, em Lisboa, com 85 anos de idade. O corpo está em câmara ardente desde as 18h00 de hoje na Igreja da Figueirinha, Rua de Macau, em Oeiras, e o funeral realiza-se amanhã, sábado, 30 de junho, às 14h30, para o Cemitério de Oeiras.
29 Junho 2018, 17h55

Afonso Cautela nasceu em Ferreira do Alentejo, em 1933. Professor do ensino primário e jornalista, exerceu várias atividades de emergência. No Algarve, contribuiu nos anos 1950 para a publicação dos jornais A Escola Nova e O Pintassilgo. Em Moura, Alentejo, ajudou depois a fundar o suplemento cultural Ângulo das Artes e das Letras, integrado no quinzenário A Planície, que obtém alguma reputação nos meios literários nacionais. Em 1958, lança e dirige os dois únicos números de Zero: Cadernos de Convívio, Crítica e Controvérsia.

Em 1959 abandona o ensino e muda-se para Lisboa onde a partir de 1965 se dedica ao jornalismo, profissão que exerceu até à reforma, depois de ter passado pelos jornais República (de 1965 a 1968), O Século (de 1972 a 1977) e A Capital (de 1982 a 1996), entre outros. Na Capital assinou durante anos a  Crónica do Planeta Terra, dedicada às questões ecológicas e do consumo.

Como poeta, publicou no início dos anos sessenta dois livros: Espaço Mortal, em 1960, e O Nariz, em 1961. Nas Edições Sempre-em-Pé, em 2011, saiu um terceiro, intitulado Campa Rasa e Outros Poemas.

Com Serafim Ferreira, organizou a antologia Poesia Portuguesa do Pós-Guerra 1945-1965, e, com Liberto Cruz, uma recolha de Raul de Carvalho (Poesia 1949-1958), ambos publicados na Editora Ulisseia em 1965. Em 1973, integrou a antologia 800 Anos de Poesia Portuguesa, organizada por Orlando Neves e Serafim Ferreira. Em 2007, participou com Vítor Silva Tavares e Rui Caeiro no livro colectivo Poesia em Verso.

Em 2017 com a chancela das Edições Afrontamento, chegou às livrarias, “Lama e Alvorada”, Poesia Reunida de Afonso Cautela (1953-2017) – I volume: Inéditos e Dispersos, reunida por José Carlos Costa Marques.

Voz interventiva e exemplo cívico, Afonso Cautela foi um dos primeiros em Portugal a apelar à intervenção das pessoas comuns e dos responsáveis para que fosse travado o envenenamento do ar, da água, dos solos, isto é, das fontes da vida. Na sua intervenção cívica, destacou-se como fundador do Movimento Ecológico Português, onde criou e dirigiu o jornal Frente Ecológica. Da obra ensaística, numerosa, sobretudo nesse domínio, referem-se apenas três títulos: Ecologia e Luta de Classes, Depois do Petróleo, o Dilúvio e Contributo à Revolução Ecológica.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.