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José Costa Pinto: “É o momento de deixar a presidência da Associação Nacional de Jovens Advogados Portugueses”

José Costa Pinto anuncia ao Jornal Económico que não se vai recandidatar à presidência da ANJAP, cujas eleições serão em dezembro. Nesta entrevista fala ainda sobre o estado da Justiça em Portugal.
19 Novembro 2018, 09h00

Prestes a finalizar este mandato, qual é o balanço que faz à frente da Associação Nacional de Jovens Advogados Portugueses (ANJAP)?

Acima de tudo sinto que foram quatro anos de muito empenho, sempre focado em fazer renascer a maior e mais antiga associação nacional de jovens advogados portugueses, procurando fazê-la chegar ao maior número de advogados possível, reorganizá-la e recuperar a sua implantação nacional. Procurámos neste percurso dar voz a um conjunto de preocupações relacionadas com os primeiros anos na advocacia, ao mesmo tempo que procurámos chamar para a primeira linha os jovens advogados. Acredito que é preciso puxar pelos mais jovens e combater a ideia que juventude é sinónimo de incompetência ou falta de qualificações e procurei que o nosso trabalho na ANJAP refletisse isto mesmo. Olhando em perspetiva, e não querendo ser juiz em causa própria, não nego que me acompanha um sentimento de dever cumprido e um sentimento de enorme satisfação por sentir que, em conjunto com a minha equipa (mais de 70 advogados em todas as áreas dos conselhos regionais da Ordem dos Advogados), demos um contributo sério, empenhado e responsável para os jovens advogados portugueses e, desse modo, para a advocacia portuguesa.

Quais os principais problemas dos jovens advogados e da profissão?

Se tiver que escolher um “problema principal” ou o maior desafio, como lhe prefiro chamar, não tenho dúvidas em dizer que é o de os jovens advogados se terem de afirmar numa profissão cuja área de ação evolui em sentido contrário ao número de profissionais que a integra, com a agravante de terem que lidar com um quadro normativo de acesso à profissão muito desfavorável (basta pensar, por exemplo, em temas como as regras de estágio, mas também a falta de regulação do exercício de advocacia entre advogados) e com um conjunto de custos de acesso e permanência muito elevados (como sejam custos de estágio, de instalação, de quotas e sobretudo de comparticipações para a Caixa de Previdência). Acima de tudo isto, temos que considerar igualmente um elemento cultural de uma tendente – embora não crescente, assim acredito – preferência dos cidadãos e das empresas por advogados a quem reconhecem mais experiência por terem mais anos de exercício da profissão. Alimenta-se, ainda, muito na nossa sociedade uma certa ideia de que a idade é um fator de experiência e qualidade, desconsiderando em sentido contrário as características próprias das gerações mais novas que, muitas vezes, são na verdade aquelas que podem fazer a diferença em determinadas situações.

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