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Juan J. Dolado: “As pensões serão o grande problema, não o desemprego”

O sistema educativo deve criar massa crítica, pois as competências terão de ser cada vez mais transversais. Isso e ver a imigração como uma oportunidade.
21 Agosto 2018, 08h55

A emergência de novos tipos de trabalho obrigam ao desenvolvimento de competências transversais, diz o especialista em Economia do Trabalho Juan J. Dolado. Mas destaca a polarização da distribuição de rendimentos e o envelhecimento como os principais desafios.

De que forma é que os avanços tecnológicos como a inteligência artificial vão mudar o funcionamento do mercado laboral?

A nova vaga de avanço tecnológico, da automação, da inteligência artificial e das plataformas digitais preocupa-nos muito. No entanto, de uma perspetiva histórica esta não é a vaga mais perturbadora. Já vimos tudo isto acontecer e, além disso, não podemos esquecer que a maior parte dos sistemas tecnológicos permite aumentar a produtividade. O problema será sobretudo outro: a distribuição. Algumas pessoas serão extremamente ricas, como os engenheiros, designers, profissionais das áreas científicas ou empreendedores, e depois teremos os trabalhadores com qualificações mais baixas. O meio tenderá a desaparecer. A questão passa, acima de tudo, pela transição. Os empregos estarão lá, mas serão trabalhos completamente diferentes dos atuais.

Isso obriga-nos a mudar a forma como olhamos para o trabalho?

Sim. Para lhe dar um número: atualmente nos EUA, os baby boomers – que nasceram nos anos 50 e 60 – tinham onze empregos durante a vida inteira, enquanto se estima que os millennials mudem de emprego a cada dois anos. Precisamos de competências diferentes, precisamos ser mais transversais. Antes eram necessárias determinadas competências que acabavam por ser suficientes, mas agora é necessário saber um pouco de tudo. São precisas mais competências de comunicação, de relacionamento… E o sistema educacional tem que mudar radicalmente nesse sentido. O futuro sistema educativo deve criar massa crítica, ensinar as pessoas pensar, a compreender e a pôr em causa, em vez de as formatar apenas para memorizar as coisas. Para isso, é preciso uma resposta conjunta da Europa, para que essa mudança seja levada a cabo.

 

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