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Julgamento de Lula: procurador afirma que ex-presidente “se corrompeu”

O procurador brasileiro criticou, também, o que classificou como “cultura retrógrada”, ao comentar a relação entre as empresas e a política. “Essa relação entre o mundo político e empresarial se mostra como uma intimidade absolutamente artificial baseada apenas no toma lá da cá”, disse.
  • Ueslei Marcelino/Reuters
24 Janeiro 2018, 13h51

O procurador regional brasileiro que participa no julgamento Lula da Silva, pela acusação, afirmou hoje que o ex-presidente brasileiro se deixou corromper e que a defesa foi incapaz de apresentar elementos de prova que afastassem essa ideia.

O julgamento do recurso do ex-presidente Lula da Silva de uma condenação a uma pena de nove anos e seis meses pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais, em primeira instância, no âmbito do processo “Lava Jato”, que já resultou na prisão de empresários e políticos.

O Ministério Público brasileiro acredita que Lula terá recebido um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, entregue pela construtora OAS, em troca de alegados benefícios em contratos com a petrolífera Petrobrás.

No julgamento desta quarta feira, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o procurador Maurício Gotardo Gerum afirmou que a defesa não conseguiu apresentar qualquer elemento probatório consistente que afastasse a acusação dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Lamentavelmente, Lula se corrompeu”, resumiu.

Maurício Gotardo Gerum também questionou a atuação do ex-presidente da empreiteira da OAS, José Aldemario Pinheiro Filho, ao mostrar a Lula o apartamento triplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, em São Paulo.

“Causa estranheza que o presidente da empreiteira faça as vezes de mestre de cerimônia ou corretor de imóveis ao apresentar o imóvel a um ex-presidente e a sua família”.

Gerum criticou, também, o que classificou como “cultura retrógrada”, ao comentar a relação entre as empresas e a política. “Essa relação entre o mundo político e empresarial se mostra como uma intimidade absolutamente artificial baseada apenas no toma lá da cá”, disse.

Na defesa da acusação, o procurador acusou ex-líder do PT de ser o verdadeiro dono do triplex e rebateu a tese da defesa de que Lula da Silva não interferia na escolha dos diretores da petrolífera Petrobras.

“Era evidente e transparece nos autos a atuação de Lula na indicação de diretores da Petrobras”, afirmou. Disse também que, ao assumirem os cargos, os diretores da empresa assumiam aquilo a que chamou de “cláusula de corrupção”.

Lula da Silva foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, em Curitiba.

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