A banca europeia vai continuar a ser penalizada pelo ambiente de baixas taxas de juro até, pelo menos, ao segundo semestre de 2019, de acordo com a Moody’s. No caso dos bancos portugueses, que mantêm como principal problema o elevado peso do crédito malparado, a agência de notação financeira aponta para o risco de deterioração dos ativos e de pressão nas margens financeiras.
“A expetativa é que as taxas de juro continuem baixas porque a normalização da política monetária do Banco Central Europeu vai ser condicionada pela meta de inflação de 2%”, explicou Maria Cabanyes, vice-presidente senior para as instituições financeiras, esta segunda-feira, à margem do encontro anual da Moody’s, em Lisboa.
“Esperamos taxas de juro de 0% até à segunda metade de 2019, o que poderá pressionar os lucros dos bancos europeus em geral”, continuou.
Os juros em mínimos históricos têm penalizado as margens financeiras dos bancos e a expetativa tem aumentado sobre a possibilidade de o BCE subir juros de referência, beneficiando as instituições financeiras. No entanto, Cabanyes alerta que, além de o processo ainda ser demorado, há riscos.
“Se os juros subirem demasiado depressa pode significar um choque para os bancos europeus, que podem não conseguir ajustar a carteira de ativos ao mesmo ritmo que os custos de financiamento aumentam”, referiu, apontamento para os bancos mutualistas franceses e os cantonais suíços como especialmente arriscados dada a maior quantidade de portfólio de longo prazo a taxas fixas.
Pepa Mori, vice presidente senior da Moody’s, acrescentou que, no caso de Portugal, o cenário base da agência aponta para que “a margem financeira continua sob pressão, o que terá impacto na avaliação dos ativos”.
O setor da banca em Portugal continua, segundo a Moody’s, a padecer de problemas estruturais. Os stocks de crédito malparado [non-performing loans ou NPL] continuam elevados, em comparação com os restantes países europeus.A plataforma criada por quatro bancos portugueses para lidar com o problema é vista como um passo positivo, mas não suficiente já que os bancos continuam com os ativos problemáticos nas folhas de balanço.
“Em 2018, esperamos que a tendência de rentabilidade [dos bancos portugueses] seja em linha com o que foi em 2017”, explicou Mori. “Em termos de NPL também – os stocks deverão continuar muito elevados, mas em tendência descendente. Há sinais positivos, apesar dos pontos de interrogação sobre a rentabilidade e NPL, devido ao ambiente de baixas taxas de juro. A qualidade dos ativos tem melhorado, mas continua em níveis muito fracos”, acrescentou.
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