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Juros de Portugal baixam em emissões de dívida de longo prazo

Emissão de obrigações com maturidade de dez anos teve taxa de 2,327%. Portugal colhe os frutos da subida do rating da S&P, consideram analistas.
11 Outubro 2017, 11h23

Portugal levou hoje a cabo duas operações de financiamento de longo prazo e conseguiu obter juros mais baixos.

Numa emissão de obrigações a dez anos, o IGCP, o organismo que gere a dívida pública nacional, conseguiu uma taxa de 2,327%, face à taxa de 2,785% da emissão de 13 de setembro passado. O montante emitido foi de 750 milhões de euros e a procura foi quase o dobro da oferta (1,96 vezes).

No leilão de Obrigações do Tesouro a 13 de Setembro, Portugal já tinha conseguido baixar os juros exigidos face ao leilão anterior de julho.

Numa emissão a cinco anos,  a taxa foi de 0,916% (face à taxa de 1,198% da emissão de junho passado). Foram emitidos 500 milhões de euros e a procura foi também mais do dobro da oferta (2,65 vezes).

As taxas baixaram nas emissões nos dois prazos, 5 e 10 anos, face aos leilões anteriores e são as taxas mais baixas desde final de 2015.

Para Filipe Silva, Diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa, “é uma excelente notícia para Portugal estar a emitir dívida longa abaixo do custo médio da dívida portuguesa. Isso é que faz, verdadeiramente a diferença nos custos da dívida e que permite reduzir esses encargos, criando uma folga maior”.

O gestor sublinha que as taxas não só baixaram face aos leilões anteriores mas, acima de tudo, são as taxas mais baixas desde final de 2015. “Estamos a colher os frutos da subida do rating e da perspetiva positiva dada pela S&P . O risco país tem descido substancialmente, o que pode ajudar as empresas portuguesas que pretendam financiar-se no mercado de dívida. Os investidores mostram continuar interessados na dívida portuguesa”, realça.

Já Steven Santos gestor do BiG, diz que “a operação portuguesa encontrou ampla procura, apesar de ser um dia movimentado no mercado primário de dívida, com a Holanda, a Alemanha e os EUA a colocar títulos. A Alemanha colocou menos dívida a 22 anos do que na emissão anterior e com juros menos negativos (-0,26% vs. prev. -0,36%)”.

“Um eventual impacto negativo da turbulência política em torno da Catalunha não se está a sentir na dívida pública portuguesa nem na restante periferia”, acrescenta o gestor.

Os investidores demonstraram procura no duplo leilão, com os juros exigidos a baixar em linha com o desempenho da dívida pública no mercado secundário. “Factores positivos da situação creditícia de Portugal, como a economia diversificada e a elevada credibilidade institucional, a par da aceleração das exportações e da melhoria da confiança do consumidor, incentivam os investidores a olhar com renovado interesse em Portugal”, diz Steven Santos.

“O ambiente benigno vivido por Portugal nos planos macroeconómico e internacional foi muito relevante para a diminuição do custo de financiamento nesta emissão a longo prazo. A recente melhoria da notação de crédito pela agência S&P facilita a colocação de dívida no mercado internacional através de leilões”, acrescenta o gestor do BiG.

“A colocação de dívida que vence em 2022 e 2017 deve-se ao interesse do IGCP em criar mais liquidez nas Obrigações do Tesouro em anos em que Portugal tem menos capital a reembolsar e juros do que noutros anos”, conclui.

(atualizada com comentários do analista do BiG)

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