Juros de Portugal sobem antes de emissão de dívida de curto prazo

Portugal cedeu à tendência europeia e norte-americana de subidas nos juros das dívidas, esta terça-feira, antes de o Tesouro nacional realizar uma emissão de Bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses. As yields das Obrigações de Portugal a 10 anos voltaram a negociar acima de 1,7%, enquanto os juros da Alemanha sobem há três sessões consecutivas e os dos EUA estão em máximos de 2011.

Na Europa, o movimento foi parcialmente causado pelo Banco Central Europeu (BCE). O governador de do banco central francês, François Villeroy de Galhau, defendeu na segunda-feira que o BCE deve começar a sinalizar quando irá terminar o programa de compra de ativos e a subir os juros de referência na zona euro.

“O Banco Central Europeu está soar mais otimista quanto à economia e a causar a subida das yields“, afirmou o estrategista de taxas da Societe Generale, Jason Simpson, em declarações à Reuters.

Na Alemanha, as yields das Bunds a 10 anos subiram 3,40 pontos base para 3,07%, enquanto em França os juros da dívida com a mesma maturidade ganharam 2,70 pontos para 0,86%. Em Itália, negociaram nos 1,95%, em Espanha nos 1,35% e na Grécia nos 4,12%. No caso de Portugal, o aumento foi de 2,60 pontos para 1,74%.

“Há esta entrevista de Galhau, que estava basicamente a apontar para subidas nas taxas de juro após o fim do Quantitative Easing”, afirmou o estrategista do DZ Bank, Daniel Lenz, sobre o mercado de dívida na zona euro. “E ainda há a subida dos preços do petróleo e as yields das Treasuries dos EUA acima de 3%”, acrescentou.

No caso de Portugal, a subida acontece antes do regresso ao mercado de dívida, ainda que de curto prazo. Após várias emissões de dívida a renovar mínimos históricos, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP irá tentar novamente fazê-lo esta quarta-feira.

O Tesouro vai emitir, por volta das 10h30, entre 1.500 e 1.750 milhões de euros, em dois leilões de Bilhetes do Tesouro (BT) com maturidades em 16 de novembro de 2018 e 17 de maio de 2019.

No último leilão comparável, no final de março, o IGCP emitiu 350 milhões de euros em BT a seis meses, a uma taxa de juro negativa de 0,424%. Já na emissão de BT a 12 meses, foram na altura colocados 900 milhões de euros, a uma taxa negativa de 0,394%.