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Kim Jong-un não vai desistir das armas nucleares, avisa ex-diplomata da Coreia do Norte

Thae Yong Ho vê no segundo encontro de Kim com Trump uma “faca de dois gumes”. Por um lado – acredita – a cimeira que ocorre no Vietname poderá reforçar a Coreia do Norte como país detentor de armamento nuclear. Por outro, Trump tem o desafio de convencer o líder norte-coreano aceitar um acordo de não proliferação de armas nucleares.
19 Fevereiro 2019, 13h26

O chefe de Estado da Coreia do Norte, Kim Jog-un, não tem intenção de desistir do seu programa de armas nucleares e espera que o segundo encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Vietname, marcado para a última semana de fevereiro, reforce ou possa legitimar a Coreia do Norte como país detentor de armamento nuclear, segundo as afirmações de um antigo diplomata norte-coreano em conferência de imprensa, citada pela AFP, esta terça-feira.

O antigo representante norte-coreano Thae Yong Ho, que desertou para a Coreia do Sul em 2016, afirmou que o encontro entre Kim e Trump não terá qualquer efeito prático se o presidente norte-americano não conseguir convencer o líder norte-coreano a deixar de armar o seu país com armas de destruição maciça e abandonar todas as instalações de armamento nuclear.

Thae Yong Ho, que trabalhou como diplomata da Coreia do Norte em Londres antes de fugir para a Coreia do Sul, está convencido que Kim Jong-un procura legitimar o estatuto do seu país como detentor e fabricante de armas nucleares e, por isso, sublinhou que o desafio é garantir que a Coreia do Norte aceita um acordo de não proliferação de armas nucleares.

O antigo diplomata norte-coreano, segundo a AFP, foi até ao momento o responsável com a mais alta patente política da Coreia do Norte a desertar para a Coreia do Sul.

Vietname é sinal de desbloqueio?
O Vietname, outrora palco de uma guerra internacional protagonizada por EUA e por este Estado de regime comunista naquela que ficou conhecida como a segunda vaga da Guerra da Indochina, que terminou com milhões de mortos e o estabelecimento de regimes comunistas em Laos, Camboja e Vietname há mais de 40 anos, é hoje novamente palco mediático da geopolítica mundial.

O país do Sudeste asiático foi o escolhido para acolher o segundo encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o chefe de Estado da Coreia do Norte, Kim Jong-un, nos dias 27 e 28 de fevereiro, que servirá para estreitar o diálogo entre os dois países, após vários anos de bloqueio mútuo e da surpresa diplomática de 2018.

Os dois líderes tiveram um histórico encontro em 12 de junho de 2018, em Singapura, mas Trump tem vindo a demonstrar interesse numa segunda reunião com Kim face à falta de progressos em persuadir a Coreia do Norte em deixar de lado o seu programa nuclear.

Por esse motivo, ao contrário do que ocorreu entre 1955 e 1975, o Vietname ganha novo mediatismo por ser palco de aproximação de dois regimes antagónicos. Nos últimos meses, os contactos entre o Vietname e a Coreia do Norte multiplicaram-se, o que está a ser interpretado como um possível interesse de Pyongyang em explorar o modelo de abertura económica empreendido pelo Vietname nas últimas três décadas.

Não será de estranhar, assim, que o líder da Coreia do Norte antecipe a sua ida para Hanói, capital vietnamita, para reunir a com o presidente do Vietname e secretrário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, no palácio presidencial, a 25 de fevereiro, segundo a Lusa. A concretizar-se este encontro, esta será a primeira visita de um líder norte-coreano ao Vietname desde a reunificação do país, em 1975.

Para os EUA, este país que já foi cenário de má memória para os norte-americanos, é hoje símbolo de relações comerciais bem estabelecidas, apesar de se tratar de um Estado comunista. Após a Guerra do Vietname, a relação entre os dois Estados só foi reatada em 1995. A normalização diplomática viria a ser consolidada em 2013, após um acordo político e comercial entre ambos os países, que um ano depois gerou um movimento de cerca de 35 mil milhões de dólares entre ambos.

Em 2019, entre na cimeira que decorre entre os dias 27 e 28 de fevereiro na capital vietnamita, espera-se um desbloqueio do diálogo sobre o abandono do arsenal nuclear pelo regime norte-coreano, que conheceu poucos progressos desde a primeira reunião entre os dois líderes.

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