[weglot_switcher]

Lagarde deverá manter herança de Draghi no BCE

Christine Lagarde assume a presidência do Banco Central Europeu no final de outubro. A sucessora de Mario Draghi não tem experiência em bancos centrais, mas tem defendido a importância dos estímulos que estes fazem. Com o desacelerar do crescimento da economia, taxas de juro baixas deverão ser para continuar.
3 Julho 2019, 16h35

Foi uma escolha mais política do que técnica, mas nem a ausência de experiência em bancos centrais impede de a classificar como sucessora da continuidade. Christine Lagarde ocupa a cadeira deixada vaga por Mario Draghi em outubro e se, a recém-escolhida presidente do Banco Central Europeu (BCE), seguir fiel ao por si elogiado rumo da política monetária de Frankfurt, a zona euro deverá continuar a viver numa época de juros baixos.

“Em termos de política monetária, espera-se continuidade e até maior disponibilidade do BCE para continuar com estímulos monetários”, antecipa Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros. Em declarações ao Jornal Económico, o analista salientou que a francesa, enquanto líder do Fundo Monetário Internacional, realçou diversas vezes a importância dos estímulos dos bancos centrais para a vitalidade da economia e traçou rasgados elogios às respostas do italiano durante a crise.

Com o desacelerar do crescimento da economia, independentemente do perfil, o espaço de manobra de Lagarde para subir as taxas de juro é para já diminuto. O (ainda) presidente do BCE, Mario Draghi, admitiu, em junho, que poderão ser necessárias novas medidas de estímulo para a zona euro e não descartou mesmo, em caso de necessidade, um novo corte na taxa de juros.

O líder do banco central revelou que o Conselho de Governadores irá deliberar sobre como é que as ferramentas de política monetária serão implementadas, de forma a serem adaptadas para mitigar os riscos. “Na ausência de melhorias, isto é, se as condições que ameaçam o regresso a um nível de inflação sustentado persistirem, serão necessários estímulos adicionais”, disse Lagarde durante o Fórum do BCE, em Sintra.

Caso o Conselho de Governadores decida um novo corte da taxa de juros em setembro, conforme os mercados antecipam, Largarde irá ocupar o posto menos de um mês depois de um corte nos juros dos depósitos de 10 pontos base.

Escolha sinaliza maior peso político do BCE

Mais do que as opções imediatas de Lagarde à frente do BCE, Filipe Garcia salienta o que representa a escolha da cessante presidente do FMI para o futuro da instituição.

“Dos quatro lugares de topo [que estavam em discussão nas instituições europeias], este parece-me ser o mais importante, tendo em conta toda a importância que o BCE tem ganho na vida dos europeus”, referiu o economista e presidente da IMF. “Foi escolhido um perfil muito mais político do que técnico. Sempre nos habituámos a ver alguém técnico, que comunica muito bem os argumentos técnicos que baseiam as decisões”.

“Esta decisão mostra muito o que é o BCE e o que vai ser o BCE. Aparentemente, os líderes europeus entenderam que era importante ter alguém com capacidade política. Deixou de ser uma instituição puramente técnica, compreendeu-se que o BCE é uma peça essencial no papel do euro”, acrescentou.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.