[weglot_switcher]

Lagarde e a extensão das compras: “Somos economistas, mas estamos atentos às previsões sobre a saúde”

A presidente do BCE explicou que a extensão de nove meses para o programa de emergência de compra de ativos, até março de 2022, foi decidida em alinhamento com a visão do banco central para o ‘timing’ de quando a “recuperação da economia da zona euro estará a criar raízes”.
10 Dezembro 2020, 15h17

A segunda vaga da pandemia de Covid-19 era esperada, mas a profundidade, a abrangência a as medidas necessárias para a contenção superaram as previsões, obrigando o Banco Central Europeu (BCE) a ajustar o calendário de resposta ao estender por nove meses o programa de emergência de compra de ativos, afirmou esta quinta-feira Christine Lagarde, presidente da instituição.

O BCE anunciou o reforço do Programa de Compra de Emergência Pandémica (na sigla inglesa, PEPP) em 500 mil milhões de euros, para um total de 1,85 biliões de euros, numa decisão que era esperada pelos analistas. O banco central prolongou o prazo do programa até março de 2022, quando a maioria dos analistas apontava para uma extensão do atual prazo de junho de 2021 para o final desse ano.

Em conferência de imprensa, Lagarde, explicou que o BCE decidiu, tal como tinha antecipada na última reunião em outubro, uma recalibração dos instrumentos que determina serem os mais eficazes na atual circunstância da pandemia.

“E é com isso em mente que decidimos concentrar a recalibração no PEPP, nosso programa temporário, direcionado e flexível de compra de ativos especificamente projetado para a pandemia, no TLTRO-3, que se destinam a fornecer o máximo de refinanciamento possível para aqueles bancos que estão emprestando para a economia e que estão emprestando a uma taxa muito atraente”.

O banco central da zona euro prolongou as linhas de financiamento de longo prazo para a banca até junho de 2022. Trata-se da terceira série dos TLTRO, um instrumento de política monetária não convencional, através do qual a instituição concede empréstimos de longo prazo à banca, com o objetivo de incentivar a concessão de crédito às empresas e aos consumidores e aumentar a liquidez.

“Houve discussão sobre a duração da extensão. Mas primeiro vamos olhar para porque era necessário uma extensão. Porque claramente estamos perante circunstâncias que a curto prazo são mais difíceis e essa dificuldade tem sido provocada pela segunda vaga e pelas medidas de contenção que foram tomadas”, afirmou.

“É justo dizer que todos nós tínhamos antecipado que haveria uma possível segunda onda, ela estava realmente incluída nas projeções anteriores, mas a profundidade e a duração e as medidas de contenção associadas não foram previstas”, explicou. “Foi sensato estender [ o PEPP] pelo impacto que tem na economia no curto prazo e lembro que o quarto trimestre vai ser negativo, em 2,2% [face ao terceiro] e nós acreditamos que isso  vai continuar no primeiro trimestre de 2021”.

Porquê nove meses? “É bastante simples. Nós, como economistas, além de termos de ter conhecimento sobre a economia, também temos que estar muito atentos à literatura sobre a saúde e às previsões que os cientistas fazem sobre a imunidade e a vacinação”, explicou a francesa.

“Foi assim que surgiu a extensão de nove meses. Temos boas razões para acreditar que até aoo final de 2021, com incerteza associada, teremos alcançado imunidade de grupo suficiente para esperar que a economia nessa altura comece a funcionar em circunstâncias mais normais, e em particular, que o setor de serviços não esteja a ser prejudicado por restrições de distanciamento social”sublinhou.

“Isso leva-nos até ao início de 2022, e a economia começa recuperar muito seriamente, uma recuperação que cria raízes”, concluiu. “Combinamos isso tudo e chegamos a essa extensão de nove meses”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.