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Leão deixa recados a Ramalho: Administração do Novo Banco deve ser “pacata”, “prudente” e exigir “o menos possível transferências”

Numa altura em que o Novo Banco aguarda a nova injeção de capital e entrou na corrida ao Eurobic, o ministro das Finanças aconselha a administração do Novo Banco a centrar-se na “boa gestão” das contas. “Consideramos que a administração do Novo Banco deve estar focada na boa gestão do Novo Banco e deve estar preocupada em rentabilizar os ativos que tem, de modo a exigir o menos possível ao Fundo de Resolução e ao resto do sistema financeiro”, disse.
27 Abril 2021, 16h34

“Cautelosa”, “pacata”, “prudente”, “rigorosa” e que “exija o menos possível transferências ao resto do sistema financeiro e ao Fundo de Resolução”. Os recados de João Leão para António Ramalho não poderiam ter sido mais claros numa altura em que o Novo Banco está na short-list para a segunda fase de acesso a dados determinantes para desenharem as ofertas não vinculativas no âmbito do processo competitivo de venda do Eurobic.

“Consideramos que a administração do Novo Banco deve estar focada na boa gestão do Novo Banco e deve estar preocupada em rentabilizar os ativos que tem, de modo a exigir o menos possível ao Fundo de Resolução e ao resto do sistema financeiro, e também o seu impacto nas contas”, disse esta terça-feira, durante uma audição regimental, que versará também sobre o Programa de Estabilidade 2021-2025 na Comissão de Orçamento e Finanças, quando questionado pelo deputado socialista Fernando Anastácio sobre as intervenções no espaço mediático da administração do Novo Banco, fazendo referência às notícias “de alguns investimentos que são perspetivas e anunciados pela administração”.

O responsável pela pasta das Finanças deixou claro a sua posição: “a administração do Novo Banco devia ter neste contexto o enorme esforço que foi feito pelo sistema financeiro e pelo Fundo de Resolução nas transferências para o Novo Banco e devia ser, no nosso entender, mais cautelosa e pacata em reconhecimento desse esforço que foi feito e concentrar-se na boa gestão, uma gestão prudente, rigorosa e que rentabilize os seus ativos e que exija o menos possível transferências ao resto do sistema financeiro e ao Fundo de Resolução”.

O Novo Banco está na corrida ao Eurobic, ainda que António Ramalho não confirme, admitiu, em entrevista ao “Jornal de Negócios/Antena 1“, vontade de crescer e estar de olho no mercado. “Nós estaremos disponíveis para crescimentos, a partir do momento em que estejamos libertos do projeto de reestruturação e de viabilização que está subjacente durante o ano de 2021”, disse.

Questionado pela deputada bloquista Mariana Mortágua relativamente ao pedido da injeção de capital para o Novo Banco, o ministro das Finanças admitiu que “não existe um valor fechado”. Ainda assim, em resposta anteriormente ao deputado social-democrata Afonso Oliveira vincou mais uma vez que “o nosso entendimento é que o valor de chamada de capital do Novo Banco não é adequado e não se justifica”.

“De acordo com o acompanhamento que fazemos do trabalho feito até agora pelo Fundo de Resolução e pela entidade reguladora, entendemos que o valor deve ficar substancialmente abaixo do valor pedido pelo Novo Banco. Um trabalho rigoroso, exigente e que tem que ver com quais é que são as implicações contratuais do contrato que foi assinado pelo Fundo de Resolução com o Novo Banco”, disse, frisando – como tem vindo a salientar – que “nesse âmbito, entendemos que o valor não só será substancialmente abaixo do que o Novo Banco pede como será um valor inclusivamente abaixo do que foi inicialmente previsto pelo Governo no Orçamento do Estado para 2021 (OE2021)”, contando “poder ter em breve” a “auditoria do Tribunal de Contas para o Governo avaliar”.

O Novo Banco fechou 2020 com prejuízos de 1.329,3 milhões de euros e pediu ao Fundo de Resolução ao abrigo do Acordo de Capitalização Contingente, 598,3 milhões de euros, acima do valor inscrito no OE2021 de 476,6 milhões de euros. A este valor de chamada de capital ainda há 166 milhões de euros em dúvida devido às imparidades para a operação em Espanha, pois o Novo Banco recebeu propostas de compra para a sucursal espanhola que não ultrapassam aquele valor e como tal teve de fazer um ajustamento ao valor registado em balanço. Este não é um ativo coberto pelo CCA, mas afetando os resultados impactam na chamada de capital.

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