[weglot_switcher]

Leonardo Jardim: o treinador “louco” e que está sempre a contar piadas

Começou a carreira no modesto Camacha, da Madeira, e chegou ao Mónaco, onde ganhou um título e atingiu as meias-finais da ‘champions’. Os jogadores consideram-no um ténico brincalhão mas que cerra os dentes quando é preciso.
  • Leonardo Jardim – Treinador do AS Mónaco
11 Outubro 2018, 13h13

“Importante não é o resultado, importante é o processo”. Quem o conhece de perto diz que é muito mais que um slogan; é uma filosofia que acompanha o técnico, nascido na Venezuela, nas conferências de imprensa mas é dentro do balneário que é repetida à exaustão.

“Sim, é isso, é uma filosofia dele e é transversal a todos os clubes. Lembro-me que a repetia em todos os sítios onde estivemos juntos e tinha a ver com seguir uma linha”, explicava, em 2013 ao “MaisFutebol”, Carlos Pires, antigo adjunto de Leonardo Jardim no Desportivo de Chaves, Beira Mar, Sporting de Braga e Olympiacos.

A filosofia de Jardim, de 44 anos, nasceu desde o dia em que Leonardo se estreou como treinador principal: época de 2003/04, no Camacha: 38 jogos e 17 vitórias na temporada de estreia. Um registo pouco auspicioso mas o slogan ajudou-o e mesmo num país que é um autêntico cemitério de treinadores, Jardim fez quatro temporadas completas. Porquê?

Porque o mais importante é o processo. Seguiu-se Chaves, Beira-Mar, Sporting de Braga, Olympiacos e Sporting CP. E no final da temporada de 2013/14, uma enorme surpresa: o AS Mónaco, renascido pelos milhões do magnata russo Dmitri Rybolovlev, escolheu Jardim para dar nova vida aos monegascos onde militavam estrelas como Falcão, Berbatov, Moutinho, Ferreira-Carrasco e Ricardo Carvalho: terceiro lugar na Ligue 1 e quartos-de-final da ‘Champions’.

Na época seguinte, já sem estrelas como Falcão e Ferreira-Carrasco, Jardim pegou nos ‘miúdos’, fez das fraquezas forças e manteve o Mónaco entre os três melhores da Ligue 1. À frente da equipa francesa, durante quatro épocas, Jardim conquistou um campeonato e chegou às meias-finais da Liga dos Campeões. Os cofres do clube agradeceram os êxitos desportivos e as consequentes vendas: Kylian Mbappé (180 milhões de euros), James Rodríguez (75), Lemar (70), Martial (60), Mendy (57,5), Bernardo Silva (50), Fabinho (45), Bakayoko (40), Kondogbia (36) e Kurzawa (25) foram as dez maiores transferências da equipa.

“Criticaram muito Leonardo Jardim nos primeiros dois anos, diziam que era defensivo, mas este ano mudou tudo. Ele diz-nos para sermos agressivos, para comermos o adversário. Aponta para os lábios e mostra os dentes e diz-nos para termos presas. É louco, mas é assim que gostamos. Tem sempre tempo para nós, fala connosco e brinca muito, está sempre a contar piadas e histórias. É isso que faz dele um grande treinador”, disse o futebolista francês, Benjamin Mendy, ao jornal francês “L’Équipe”.

“A maior virtude dos portugueses é a sua capacidade de adaptação, faz parte do nosso povo”, costuma dizer Leonardo Jardim. Ainda assim, não foi suficiente para terminar a época no clube do Principado. “Todos devemos refletir. O futebol é um jogo coletivo. Não me fui embora quando tudo corria bem, por exemplo depois do título. Fiquei, sabendo que este ano seria difícil. Fiquei para continuar a trabalhar e a dar o meu melhor. Sou, como treinador, a pessoa responsável pela equipa. Quando os jogadores cometem erros, são também os meus erros”, dizia Jardim no fim-de-semana, após a derrota caseira com o Rennes.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.