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Lesados Banif pedem reunião urgente à CMVM

Depois de afirmações de primeiro-ministro que lesados do Banif “fizeram confiança num sistema que os aldrabou”, associação de lesados quer levar documentos internos que comprovam práticas fraudulentas à CMVM, onde está pendente uma investigação exactamente sobre vendas fraudulentas.
  • Pedro Nunes/Reuters
25 Julho 2017, 17h57

A ALBOA (Associação dos Lesados do Banif) solicitou hoje por carta à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ser recebida por esta, com “caráter de urgência”, na sequência das palavras públicas do primeiro-ministro quinta-feira passada no Funchal, no sentido de que aqueles lesados “fizeram confiança num sistema que os aldrabou”. Na ocasião, António Costa reafirmou que “há vontade política do Governo para resolver a situação”.

“Além das referidas palavras do primeiro-ministro, o desejo da ALBOA reunir com a CMVM pretende-se igualmente com as declarações de dirigentes do PSD e do PS, preferidas durante o fim de semana, no decorrer de uma mútua troca de acusações sobre as culpas do “Caso Banif”. Declarações, porém, todas no sentido de os respetivos lesados terem sido verdadeiramente vítimas de um sistema que os enganou”, realça a ALBOA em comunicado.

A Associação volta a recordar que as vendas de obrigações Banif, uma altura em que o banco já estava nacionalizado (maioria do capital detida pelo Estado), atingiu “foros de verdadeiro escândalo, com vendas extremamente agressivas e ardilosas por parte dos comerciais bancários, a mando das respectivas direcções de marketing”. Segundo a ALBOA, há documentos internos a provarem estas práticas.

O presidente da ALBOA, Jacinto Silva, destaca aqui que, utilizando o argumento de que “o Banif é do Estado pelo que as suas obrigações são tão seguras como Obrigações do Estado”, os comerciais bancários conseguiram convencer milhares de clientes, sobretudo idosos e pessoas de modestos recursos (a maioria dos lesados), a comprarem os referidos produtos financeiros, dando para tal ordem de transferência de poupanças, muitas vezes de uma vida, colocadas em depósitos a prazo.

“Os casos são inúmeros mas refira-se, como exemplo, as situações vividas nos Açores, onde testemunhas referem terem os comerciais bancários se deslocado com frequência até aos campos de pastorícia de gado para efectuarem as suas vendas ardilosas”, realça esta associação.

Entre os lesados, além de clientes do continente, da Madeira e Açores, existem milhares de emigrantes da África do Sul, Venezuela e Costa Leste dos EUA, que assim ficaram privados das suas poupanças de muitos anos de trabalho naqueles países.

São este e outros assuntos relacionados que a ALBOA pretende agora levar à fala à CMVM, organismo onde está pendente uma investigação exactamente sobre vendas fraudulentas e ardilosas no âmbito do “Caso Banif”.

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