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Líbano: Crise económica agrava-se com a desistência de Hariri em formar governo

O país do Médio Oriente encontra-se mergulhado numa crise económica que o Banco Mundial descreve como uma das piores da história moderna e agravada pela explosão do verão passado em Beirut.
15 Julho 2021, 19h01

O antigo primeiro-ministro libanês Saad al-Hariri anunciou esta quinta-feira ter desistido de tentar formar um Governo, aprofundando ainda mais a crise política e económica em que se encontra o país do Médio Oriente onde, em agosto do ano passado, uma explosão destruiu uma parte considerável da capital Beirut.

Al-Hariri havia sido incumbido com a tarefa de formar governo em outubro passado, dois meses depois da brutal explosão no porto de Beirut que vitimou mais de 200 pessoas e levou à demissão do então primeiro-ministro, Hassan Diab. Agora, passados nove meses de negociações, o político anunciou a sua retirada do processo após uma reunião rápida com o presidente Michel Aoun.

“É bastante evidente que não conseguirei atingir um acordo com sua excelência, o presidente”, afirmou al-Hariri aos jornalistas depois de 20 minutos de encontro com Aoun. “Como tal, retiro-me dos esforços de formação de governo e que Deus ajude o país”, completou.

Al-Hariri foi primeiro-ministro do país até 2019, altura em que o descontentamento da população e uma série de protestos civis contra a corrupção e a falta de condições económicas levaram ao seu afastamento.

O Líbano encontra-se mergulhado naquela que é apelidada pelo Banco Mundial como uma das piores crises económicas da história moderna, relembra a CNBC. A lira libanesa perdeu já mais de 90% do seu valor em dois anos e está atualmente a transacionar a 21 mil liras por dólar no mercado negro, além dos problemas crónicos de corrupção e de uma crise bancária que têm significado o aumento da pobreza no país.

O futuro político do país é agora incerto, visto que as alternativas a al-Hariri são, à primeira vista, inexistentes. Dada a diversidade étnica e religiosa do Líbano, o seu regime funciona num sistema de partilha de poder que significa que os cargos de presidente, primeiro-ministro e presidente do parlamento devem ser repartidos igualmente entre as maiorias sunita, xiita e cristã do país, pelo que o escolhido para chefe de Governo terá de ser um muçulmano sunita. Esta repartição de poder tem sido criticada por analistas e pela sociedade libanesa em geral por promover a corrupção e interferência externa através dos grupos sectários.

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