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Limpa, futurista e sem carros: um dia, todas as cidades serão como Songdo

A uma hora de viagem de Seul, a capital, o IBD é uma zona ecologicamente de topo, onde os carros são mera opção, a água é reaproveitada e o lixo é reciclado ou transformado em energia. Um exemplo para o planeta.
7 Junho 2018, 15h19

Quando os residentes do Distrito Empresarial Internacional (IBD) em Songdo, na Coreia do Sul, vão trabalhar, buscar os filhos à escola, fazer compras, ou o que quer que seja, a necessidade de pegar num automóvel é meramente opcional. Isto porque o distrito, onde já foram gastos cerca de 30 mil milhões de euros, foi projetado para eliminar a necessidade de carros.

O projeto que começou em 2002 e desde o início foi pensado para eliminar a necessidade do uso de transporte individual, em favor dos transportes públicos (autocarro e metros) e das bicicletas, conforme conta Stan Gale, o presidente da Gale International, o mentor do IBD, citado por uma publicação do Fórum Económico Mundial.

Quando o IBD estiver concluído, o que deverá suceder até 2020, o distrito terá 100 milhões de metros quadrados e será uma zona ecologicamente de topo. O distrito tem um plano urbano de uso misto, ou seja, comércio, espaço para escritórios, parques, instalações médicas e escolas estão todos próximos das moradias.

A maioria dos edifícios não residenciais fica a uma curta distância de tudo o resto, enquanto os edifícios de apartamentos e empresas foram construídos num perímetro que os autocarros e o metro demoram apenas 12 minutos a percorrer. Ao mesmo tempo, uma rede interna de cerca de 23 quilómetros de ciclovias atravessa o distrito, que por sua vez está em contacto com uma rede maior de mais de 140 quilómetros na cidade de Songdo.

Cerca de 40% da área é reservada para espaços verdes (cerca do dobro da área para o mesmo efeito da cidade de Nova Iorque), “o que também incentiva os moradores a caminhar”, refere Stan Gale. O maior parque verde do complexo, de mais de 100 hectares, foi inspirado no Central Park de Manhattan.

“O que se vê hoje em Songdo é uma cidade compacta e muito fácil de ser percorrida, é um resultado direto dessa abordagem cuidadosa ao planeamento”, diz Gale.

O IBD é apenas uma parte de um perojeto maior, chamado Zona Económica Livre de Incheon, na cidade de Songdo, liderada pelo governo sul-coreano. Quando o governo começou a planear a cidade de Songdo, em 2000, cerca de 500 toneladas de areia foram despejadas no pântano para estabelecer as fundações.

Atualmente, 20 mil unidades residenciais estão completas ou em construção no IBD, onde vivem cerca de 50 mil pessoas. Aproximadamente 100 mil moradores vivem na maior cidade de Songdo. Cerca de 70 mil pessoas trabalham em Songdo, o que é muito menos que as 300 mil que o governo da cidade previu.

Outra vantagem de morar no distrito: não há camiões de lixo. Em vez disso, um sistema de tubos pneumáticos suga o lixo de caleiras em edifícios residenciais para uma instalação de classificação central em segundos, aí sendo transformado em energia ou reciclado.

O IBD tem mais de 100 prédios com certificação LEED, o sistema de classificação verde mais usado no mundo, planeia reciclar 40% da água utilizada e produz menos 33% de gases com efeito estufa em comparação com outras cidades da mesma dimensão.

No entanto, alguns moradores reclamaram que o IBD e Songdo estão muito isolados de Seul, o centro económico, político e cultural do país, que está a mais de uma hora de distância. Por isso, ainda é cedo para Songdo tornar-se um próspero centro urbano.

“De muitas formas, é a cidade que os coreanos querem mostrar ao mundo, no sentido em que é um lugar limpo e futurista, sem pobreza visível”, disse Colin Marshall, um projetistas de Seul que escreve sobre cidades. Mas, de qualquer modo, os responsáveis do projeto esperam que, aos poucos, a cidade se torne um modelo para outras em todo o mundo.

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