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“Linguagem de Boris Johnson foi ofensiva”. Ex-ministro aconselhado a pedir desculpa por islamofobia

O presidente do Partido Conservador britânico pediu ao antigo ministro que se retratasse, depois de escrever sobre as semelhanças entre uma mulher envergando uma burca e uma caixa do correio.
8 Agosto 2018, 16h40

Num dos seus tradicionais devaneios – que já lhe trouxeram várias dificuldades políticas – o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, escreveu um artigo de opinião no jornal ‘The Telegraph’ que uma mulher vestida com uma burca se assemelhava a uma caixa de correio. Ou, mais prosaicamente, a ladrões de bancos.

Após 24 horas de silêncio, a primeira-ministra Theresa May – com quem Johnson se incompatibilizou a propósito do Brexit – acabou por ver-se obrigada a comentar o caso, tendo dito que tanto ela como o seu governo acreditavam que as mulheres têm o direito de se vestirem como quiserem, acrescentando, por outro lado, que “toda a gente deve ter cuidado com a linguagem que utiliza”.

“Ficou muito claro que a linguagem que Boris Johnson usou para descrever a aparência das pessoas foi ofensiva. Eu não utilizaria aquela linguagem, acho que foi errado ele tê-la utilizado e concordo com Brandon Lewis”, declarou a primeira-ministra.

Lewis é o presidente do Partido Conservador britânico e, depois de ler o comentário de Boris Johnson, afirmou que o aconselhou a pedir desculpa pela comparação. Para já, esse pedido de desculpa ainda não apareceu em parte nenhuma e, de acordo com o jornal britânico ‘The Guardian’, não foi possível contactá-lo para comentar o sucedido.

Entretanto, um coro de críticas contra o comentário surgiu um pouco por todo o lado. Naz Shah, do Partido Trabalhista, defendeu que “um pedido de desculpas não é suficiente” e aconselhou May a promover um inquérito interno sobre islamofobia dentro do seu partido.

Sayeeda Warsi, antiga presidente do Partido Conservador, alinha com a proposta de inquérito interno e twittou um “obrigada, Brandon Lewis por exigir um pedido de desculpas”. Mais: comparou o ‘despropósito’ de Johnson às táticas islamofóbicas da administração Trump e acusou-o de estar à espreita de uma oportunidade para se tornar líder de uma qualquer formação de direita.

Na passada quarta-feira, tal como já tinha sido anunciado, a Dinamarca juntou-se ao grupo dos países europeus (Áustria, França e Bélgica) que proíbem o uso público de objetos ou roupa que cubra o rosto, o que inclui a burca e o niqab.

Paradoxalmente, no artigo mencionado Boris Johnson escreveu que não concordava com a proibição.

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