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Lista de Eugénio Rosa à liderança da Mutualista quer apostar na habitação acessível

De acordo com o programa da lista liderada pelo economista Eugénio Rosa: “É indispensável recentrar a Associação Mutualista na produção de respostas habitacionais de carácter não especulativo” para os associados.
  • Cristina Bernardo
5 Novembro 2021, 19h48

‘Sim à Habitação, Não à Especulação’ é o lema da Lista C liderada por Eugénio Rosa, que quer uma Associação Mutualista Montepio Geral com habitação e residências a preços acessíveis. “Somos mais do que um banco”, disse ao Jornal Económico, Tiago Mota Saraiva, que é candidato a administrador da Mutualista dona do Banco Montepio num Conselho de Administração liderado por Eugénio Rosa.

Tiago Mota Saraiva, que é arquiteto, explica que a lista de que faz parte quer investir na “produção” de habitação (construção, reabilitação, parcerias) para disponibilizar habitação económica e acessível, para os associados da Associação que hoje rondam os 600 mil, mas que gostaria que fossem mais.

Prometem assim “um programa robusto de produção de habitação de carácter não especulativo para arrendamento aos associados”

A Lista C pretende “Estimular a vivência coletiva entre os associados – baseada nos valores da liberdade, igualdade, tolerância, justiça e participação – a partir de soluções de vida em comum, como o co-housing, co-living e outros modelos residências de partilha e colaborativas equivalentes a muitos modelos que estão a ser construídos noutros países de forma generalizada, mas que ainda tardam a chegar a Portugal”.

Recuperar o mutualismo, ou uma certa ideia de previdência está na linha de orientação da Lista C. “Sobretudo queremos importar o que se faz lá fora na área do mutualismo, ao nível das parcerias pública comunitária”, defendeu.

“É indispensável recentrar a Associação Mutualista na produção de respostas habitacionais de carácter não especulativo, rescrevendo assim a abordagem dos últimos tempos”, defendem e nesse sentido, os responsáveis pela candidatura pretendem posicionar a MGAM como parceira estrutural para a execução do Plano de Recuperação Resiliência (PRR), bem como para o apoio a outras formas de produzir habitação que se possam inscrever nas lógicas de Parceria Público-Comunitária.

A apresentação da candidatura, que decorreu hoje, sexta-feira, em Lisboa segue a austeridade que preconizam. O sítio escolhido são as instalações da Confederação das Coletividades de Cultura e Recreio, na zona do Martim Moniz. A lista que tem entre os seus membros Manuel Carvalho da Silva, ex-sindicalista, e Carlos Areal tem como bandeira a transparência dos salários da administração a que se candidatam, e acima de tudo defendem que haja um teto para as diferenças salariais entre a administração e os trabalhadores da residências seniores.

“Redução significativa no salário dos administradores e estabelecimento de uma nova grelha salarial em que o salário mínimo praticado seja uma variável para calcular o salário máximo”, defendem.

“A subordinação das empresas à missão da Associação Mutualista definida nos seus Estatutos”, é outra das suas propostas.

Nesse sentido lamentam que “apesar das Residências Montepio terem sido construídas com o dinheiro dos associados, a esmagadora maioria deles não tem capacidade financeira para ter usufruto destas estruturas”, por serem “equipamentos exclusivos e de luxo”.

Assim, a lista C propõe-se a criar novas modalidades de oferta mutualista destinadas à maioria dos associados – e não apenas aos associados com mais recursos financeiros.

A lista C defende ainda a reorganização e democratização do regimento da Assembleia Geral de associados e “a alteração dos regimes jurídicos que impedem que um grande número de associados participe nas decisões e nas eleições da sua Associação”.

A lista liderada por Eugénio Rosa “quer garantir a liberdade de opinião de todas as pessoas que trabalham na Associação Mutualista e nas empresas do grupo, promovendo a sua progressão na carreira com base na qualidade do trabalho produzido e nos resultados obtidos em prol do grupo Montepio e dos seus associados e não com base no favoritismo e na obediência cega à administração, como tem sucedido”.

Os candidatos propõem-se ainda “a retomar projetos de intervenção nas escolas de todo o país com programas de educação financeira em parceria com as instituições públicas ou de interesse social, tendendo a começar a construir, de forma informada, as novas gerações de mutualistas”.

Os candidatos à liderança para um novo mandato querem também construir um Código de Ética e de Boas Práticas que regule e oriente a atuação das empresas do Grupo Montepio. Para além de pretenderem “garantir o respeito pelos princípios do Mutualismo em todo o Grupo e afirmar a solidariedade, fraternidade e entreajuda entre associados e organizações pares do Terceiro Sector e do Mutualismo”. Pretendem “criar condições para a consolidação de uma instituição de referência de Banca Ética e dar um novo impulso às soluções de Microcrédito e desenvolver os seus conceitos e modelos de rentabilidade”.

Apresentar um programa específico de apoio à atividade cooperativa, é outra das propostas.

A lista de Eugénio Rosa propõe indicar “uma figura de reconhecido mérito para Provedor do Associado e criação de condições que garantam a sua atuação de forma independente”.

“Assumir como estrutural um compromisso ético de promoção do desenvolvimento sustentável e o combate às alterações climáticas, assente nas preocupações sociais, ambientais e de governação, implementando políticas de apoio a projetos de importância acrescida na gestão dos aglomerados habitacionais e ecossistemas, de uso responsável e eficiente dos recursos”, é outro dos seus desígnios.

Finalmente propõe-se a “rever toda a lógica das Residências Sénior e de Estudantes para que possam contribuir financeiramente para Associação Mutualista e para que passem a ser financeiramente acessíveis a mais associados”.

A lista que foi aprovada pela ASF tem Eugénio Rosa, como Presidente e como vogais: Joaquim Dionísio; Tiago Mota Saraiva; Adelino Cardoso; António Couto Lopes; Catarina Gouveia Homem; Luís da Costa.

Depois para o Conselho Fiscal, a lista propõe António Zózimo (Presidente); Hélder Nora; e Rogério Moreira. Tendo como suplentes Isabel O’Sullivan e Joaquim Poças.

O registo dos membros das listas candidatas aos órgãos de administração e fiscalização do Montepio Geral Associação Mutualista implicou a avaliação dos requisitos de qualificação, idoneidade, disponibilidade e independência dos titulares dos órgãos de administração e fiscalização.

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões fez o registo acompanhado de algumas recomendações ao nível da formação, que seguem o parecer elaborado inicialmente pela Comissão Eleitoral que foi assessorada na sua avaliação pela EY.

Para a Assembleia de Representantes propõem Ana Drago, ex-deputada do Bloco de Esquerda, e Manuel Carvalho da Silva para Presidente da Mesa da Assembleia Geral.

No próximo dia 17 de dezembro, realiza-se a Assembleia Geral para eleição dos órgãos associativos do Montepio Geral – Associação Mutualista para o mandato 2022/2025.

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