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Lucro da EDP tomba 74% para 297 milhões nos nove meses com provisão para os CMEC

A empresa liderada por António Mexia registou uma provisão de 285 milhões de euros, valor equivalente à exigência sobre a sobrecompensação das centrais que operavam em regime de CMEC.
  • Cristina Bernardo
8 Novembro 2018, 18h09

O lucro líquido da EDP Energias de Portugal caiu 74%, em termos homólogos, para 297 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2018, devido a dois fatores não-recorrentes. A empresa revelou que no terceiro trimestre fez uma provisão em relação aos 285 milhões que o Estado exige pela alegada sobrecompensação da EDP nas centrais que operavam em regime de Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).

O EBITDA – resultado antes juros, impostos, depreciações e amortizações – desceu 26%, também face ao mesmo período do ano passado,  para 2.410 milhões de euros.

A 27 de setembro, a EDP reviu em baixa para entre 500 e 600 milhões de euros a expectativa de resultado líquido do grupo em 2018, abaixo dos 800 milhões de euros antes estimados, na sequência de “medidas adversas” tomadas pelo Estado português.

Nessa altura, a empresa liderada por António Mexia explicou a revisão do guidance com o recebimento de uma notificação pela Direcção Geral de Energia e Geologia, do despacho do Governo que quantifica em 285 milhões de euros a alegada sobrecompensação da EDP quanto ao cálculo do coeficiente de disponibilidade verificado nas centrais que operavam em regime de CMEC.

“Apesar de considerar que não existiram quaisquer aspectos inovatórios ponderados nos ajustamentos anuais ou no ajustamento final dos CMEC, tendo apresentado uma reclamação graciosa; a EDP registou uma provisão de 285 milhões de euros no terceiro trimestre de 2018. O impacto desta provisão não recorrente no resultado líquido da EDP ascende a 195 milhões de euros, traduzindo-se num resultado líquido do grupo EDP de 297 milhões de euros nos nove meses de 2019”, referiu a EDP, em comunicado divulgado no site da CMVM.

Excluindo este e outros efeitos não recorrentes, nos quais consta também o ganho de 514 milhões de euros no ano passado com a venda da Naturgas em Espanha, o resultado líquido recorrente subiu 2% em termos homólogos, para 570 milhões de euros, “uma vez que o
crescimento na EDP Brasil e a melhoria de mercado na Peninsúla Ibérica foram compensados por alterações regulatórias em
Portugal, anunciadas no quarto trimestre de 2017, e pela performance da EDP Renováveis.

A EDP adiantou que excluindo a contribuição das redes de distribuição de gás na Península Ibérica nos nove meses de 2017 e os efeitos não recorrentes o EBITDA recorrente caiu 6% em termos homólogos, para 2.428 milhões de euros, em linha com o efeito cambial (-6% ou menos 132 milhões , suportado pela depreciação do real brasileiro e, em menor escala, do dólar americano.

Portugal representa apenas 6% dos lucros, diz CFO

Em declarações ao Jornal Económico, Miguel Stillwell de Andrade, CFO da EDP, sublinhou que as decisões regulatórias estão a penalizar o negócio da empresa em Portugal.

“Vamos registar 18 milhões de euros de lucros acumulados nos nove meses em Portugal. Isto representa cerca de 6% do resultado líquido do grupo. E está muito penalizado por todas as alterações regulatórias quer na distribuição, no clawback [da compensação)], custos regulatórios”, afirmou.

“Relembro que temos mais de 10 mil milhões de euros investidos em Portugal. Se incorporarmos a parte da EDP Renováveis em Portugal, mesmo assim seriam 84% em lucros a vir de fora do país. Nas atividades tradicionais é 6%, nas Renováveis cerca de 10%”, vincou.

Questionado sobre a possibilidade de serem exigidos à EDP até mais 72,9 milhões de euros, relativos a uma alegada sobrecompensação das centrais a operar em regime de CMEC pela sua participação no mercado de serviços de sistema, o CFO disse que ainda não registou esse montante como provisão pois ainda não tem mais visibilidade sobre o assunto.

Stillwell de Andrade reiterou que a empresa vai manter inalterada a política de dividendos, porque encara os eventos que penalizaram os resultados deste ano como não-recorrentes.

A energética tinha revelado a 18 de outubro um  aumento de 5% na produção total de eletricidade até setembro deste ano, face a período homólogo, sendo que a produção a partir de energia renovável teve um crescimento de 25%.

A EDP Renováveis, subsidária da EDP para as energias ‘limpas’ anunciou esta quarta feira que registou lucros de 115,2 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2018, uma diminuição de 30% em relação ao período homólogo de 2017. Em sentido contrário a EDP Brasil divulgou, a 1 de novembro, que fechou os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido de 748,7 milhões de reais (176,7 milhões de euros), o que corresponde a um aumento de 79,6% face ao mesmo período ao ano passado.

[Atualizada às 18h16]

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