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Lucros do BCP caem 46% para 146 milhões nos primeiros nove meses do ano

O banco liderado por Miguel Maya teve um resultado líquido consolidado de 146,3 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, penalizado pelo aumento das imparidades e provisões, provocado pela antecipação do impacto económico da Covid-19 e do tema judicial dos francos suíços na operação polaca.
29 Outubro 2020, 17h03

O resultado líquido do Millennium bcp contraiu 45,9% nos primeiros nove meses do ano, em termos homólogos, para 146,3 milhões de euros.

O resultado foi essencialmente penalizado pelo aumento das imparidades do crédito, líquido de recuperações, que subiram 25%, face a igual período do ano passado, para 374,2 milhões de euros. Já as outras imparidades e provisões subiram no mesmo período 126%, para 176,4 milhões de euros.

Miguel Maya, presidente executivo do BCP, explicou que o reforço das imparidades “reflectem duas realidades distintas”. Por um lado, reflectiram “uma antecipação do impacto [da Covid-19] na economia” e, por outro lado, “o tema judicial na Polónia por causa dos francos suíços”, que levaram o banco a registar imparidades e provisões de 67,2 milhões de euros.

Em comunicado divulgado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP explica que “o desempenho do resultado líquido consolidado foi condicionado pelo reforço das provisões extraordinárias constituídas para fazer face ao risco legal associado aos créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira pela subsidiária polaca, que ascendeu a 67,2 milhões de euros, nos primeiros nove meses de 2020”.

Para o resultado líquido no consolidado, contribuiu ainda um ganho de 13,5 milhões de euros, que tinha sido reconhecido em fevereiro de 2019, depois da venda do Grupo Planfipsa, refletido como resultados de operações descontinuadas ou em descontinuição.

A atividade doméstica contribuiu com cerca de 92 milhões de euros para o lucro do BCP nos primeiros nove meses do ano, abaixo dos 125,5 milhões de euros registados há um ano atrás. A atividade em Portugal “foi em grande parte condicionada por um contexto particularmente adverso ditado por uma conjuntura económica desfavorável decorrente dos impactos subjacentes à pandemia provocada pela Covid-19”, diz o BCP.

Já a atividade internacional contribuiu para o resultado líquido consolidado de 54,4 milhões de euros, abaixo dos 131,4 milhões de euros registados em igual período do ano passado, devido ao desempenho da “subsidiária polaca” devido ao “impacto da aquisição do Euro Bank” e também pelo reforço das imparidades registadas por causa do risco legal associado aos créditos hipotecários em francos suíços.

Ainda na operação internacional, o BCP explica que foram constituídas imparidades de 16,6 milhões de euros para o investimento na participação no Banco Millennium Atlântico para fazer face aos custos da operação.

Os proveitos core no consolidado caíram 4,4% face aos primeiros nove meses de 2019 para 1.667,7 milhões de euros, pressionados pela queda homóloga de 3,4% da margem financeira, que atingiu os 1.149,6 milhões de euros.

As comissões mantiveram-se estáveis, tendo caído ligeiramente 1% no consolidado, para 518,1 milhões de euros. Em Portugal, as comissões bancárias contraíram 4,1%, para 300,7 milhões de euros, enquanto as comissões relacionadas com mercados subiram 20%, para 51,9 milhões de euros. No total, as receitas com comissões na atividade doméstica mantiveram-se estáveis face a 2019, atingindo os 352,5 milhões de euros.

Os custos operacionais no consolidado mantiveram-se praticamente inalteráveis, fixando-se em 832,4 milhões de euros, sendo que os custos com pessoal ascenderam a 484,4 milhões de euros, abaixo do ano passado, e incluem um efeito não recorrente de 27,4 milhões de euros. Na operação em Portugal, os custos operacionais recorrentes caíram 459,7 milhões de euros, menos 1,8% do que no ano passado.

Os recursos de clientes no consolidado cresceram 3,9% para 83,3 mil milhões de euros e, na atividade doméstica, expandiram 6,2% para 58,8 mil milhões de euros.

Já a carteira de crédito no consolidado subiu 2,7% para 56,1 mil milhões de euros e, na atividade doméstica, atingiu os 38,56 mil milhões de euros.

Na qualidade do crédito, o BCP tem 3,7 mil milhões de euros em NPE, o que significa uma redução de 20,4% face ao ano passado. Desde junho de deste ano, o banco liderado por Miguel Maya reduziu os NPE em 270 milhões de euros.

O BCP apresentou um rácio de cobertura total de NPE de 112%, acima dos 107% registados no ano passado, um rácio de cobertura de NPE por imparidade de 62%. Em Portugal, o rácio de NPE caíu de 9,9% para 7%.

O rácio de capital total fixou-se em 15,7%, em linha com o ano passado. O rácio CET1 atingiu os 12,4%.

 

(atualizada às 17h49)

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