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Lucros do BCP caem 77,1% para 35,5 milhões no primeiro trimestre. Provisões somam 78,8 milhões

Sem o impacto das provisões, os lucros do BCP teriam caído 32,3% para 104 milhões de euros.
19 Maio 2020, 17h08

O resultado líquido consolidado do Millennium bcp caiu 77,1% no primeiro trimestre deste ano para 35,3 milhões, impactado pelas provisões Covid-19 de 78,8 milhões de euros.

Em comunicado apresentado ao mercado, a instituição liderada por Miguel Maya explica que as provisões foram registadas por causa dos riscos associados à “situação extraordinária que se vive atualmente, decorrente da pandemia da Covid-19”, quer na atividade doméstica, quer na atividade internacional.

“Assim, a quebra face aos 153,8 milhões de euros apurados no trimestre homólogo do ano anterior, decorreu em grande parte do aumento de 98,3 milhões de euros evidenciado pelas outras imparidades e provisões, que incluem também o reforço da provisão extraordinária constituída para os processos relacionados com os créditos à habitação concedidos em francos suíços pela subsidiária polaca”, referiu a instituição financeira liderada por Miguel Maya.

Sem o impacto das provisões, os lucros do BCP teriam caído 32,3% para 104 milhões de euros.

A atividade doméstica gerou um lucro de 16,2 milhões, o que significa uma queda de 82% face a igual período do ano passado. Esta evolução é explicada pelo “impacto da constituição da provisão para riscos associados à pandemia da Covid-19, no montante de 60 milhões de euros”.

O resultado líquido da operação em Portugal reflete também a contração da margem financeira, pressionada pela “persistência de taxas de juro em níveis negativos e o desempenho dos outros resultados de exploração, na medida em que no primeiro trimestre de 2019 haviam sido reconhecidos proveitos de montante relevante com a alienação de imóveis, que em 2020 não se repetiram”.

A atividade internacional também sofreu uma queda dos lucros face a igual período do ano passado, que caiu de 46,1 milhões de euros no primeiro trimestre de 2019, para 19,1 milhões no primeiro trimestre de 2020. Esta evolução deve-se “em grande parte à constituição da provisão para riscos relacionados com a pandemia no montante de 18,8 milhões de euros” – 13,8 milhões no Bank Millennium da Polónia e cinco milhões de euros no Millennium bim em Moçambique.

As receitas do BCP atingiram os 278,9 milhões de euros, o que significa um crescimento de 3,4% face ao primeiro trimestre de 2019. Mas, excluindo os custos de reestruturação e também com os custos suportados com a aquisição, fusão e integração do Euro Bank., no montante de 9,5 milhões de euros e de 6,5 milhões de euros reconhecidos nos primeiros três meses de 2020 e 2019, respetivamente, as receitas cresceram 4,4% para 288,4 milhões, impulsionadas pela evolução positiva da margem financeira e das comissões.

A margem financeira cresceu 6,3% para 385,5 milhões de euros, com a atividade internacional a ser “determinante” para esta evolução e que compensou a quebra da atividade doméstica, que contraiu cerca de 7,5% para 186,4 milhões de euros .

O BCP explica a contração da margem na atividade portuguesa devido “à quebra verificada no rendimento gerado pela carteira de títulos, nomeadamente pela carteira de dívida pública portuguesa. A redução do investimento em títulos emitidos pelo Tesouro Português, no último trimestre de 2019, por via das alienações efetuadas penalizou a margem financeira no início do ano, não tendo o volume de novas aquisições concretizadas no primeiro trimestre de 2020 sido suficiente para compensar esse efeito, devido sobretudo às menores taxas de remuneração implícitas na carteira adquirida”.

Em sentido contrário, na atividade internacional, a margem financeira cresceu 23,5% para 199,1 milhões de euros, impulsionada pela subsidiária polaca “e reflete, em parte, o impacto da integração do negócio comercial do Euro Bank S.A., nomeadamente da carteira de crédito pessoal geradora de margens comerciais superiores”.

Já a margem da atividade em Moçambique “evidenciou uma redução”, devido a menores volumes de crédito.

As comissões subiram 7,9% para 179,8 milhões de euros e, somando às receitas core de 385,5 milhões, as receitas totais do BCP ascenderam a 565,3 milhões de euros. “Esta evolução positiva verificou-se tanto nas comissões relacionadas com o negócio bancário, como nas comissões relacionadas com os mercados financeiros, cujas taxas de crescimento se situaram em 7,1% e 12,4%, respetivamente”, referiu o banco.

Os custos operacionais, excluindo o efeito dos itens específicos, aumentaram 9,4% face ao período homólogo para os 276,9 milhões de euros.

Os recursos dos clientes, incluindo depósitos, débitos titulados, ativos sob gestão, ativos distribuídos e seguros de poupança e de investimento, cresceram 6,2% para 80 mil milhões de euros.

A carteira de crédito subiu 6,4% para 54,7 mil milhões de euros, impulsionada principalmente pelo crédito ao consumo, que cresceu de 4,1 mil milhões para 5,8 mil milhões de euros, e pelo crédito à habitação, que se fixou em 25,7 mil milhões, acima dos 23,9 mil milhões verificados há doze meses.

O BCP explicou também que a evolução positiva na carteira de crédito se deveu à diminuição de 24,2% (1,3 mil milhões de euros) dos NPE. O BCP reforçou entre o primeiro de 2019 e o primeiro trimestre deste ano a qualidade do crédito, tendo 3,9 mil milhões de euros em NPE, face aos 5,1 mil milhões de euros que tinha há ano. O rácio de NPE para crédito está em 7,2%, que compara com os 10,1% em março de 2019, e o rácio de NPE acima dos 90 dias caiu de 5,4% para 3,8%.

Em termos de rentabilidade, o rácio cost-to-income fixou-se nos 49% mas, excluindo os custos não habituais, atingiria os 51%.

Em termos de capital, o BCP apresentou um rácio de capital CET1 fully implemented de 12,0%, acima dos requisitos regulamentares de 8,83%.

 

(notícia atualizada com mais informação)

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