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Luis Almagro mantém presidência da OEA

O controverso político e embaixador uruguaio, ex-apoiante de Hugo Chávez e um dos maiores inimigos de Nicolás Maduro, chegou a ser contra a possibilidade de repetir a presidência da organização.
24 Março 2020, 07h30

Luis Almagro (Uruguai, 1963) foi reeleito como presidente da Organização de  Estados Americanos (OEA), uma organização com sede em Washington e cujos membros são as 35 nações independentes do continente americano. A organização é uma verdadeira amostra do ambiente político do continente: extremado entre a direita e a esquerda, dificilmente tem conseguido seguir uma política hegemónica seja em que matéria for.

Nos anos mais recentes, a OEA tem estado na linha da frente do combate às políticas do presidente venezuelano Nicolás Maduro – mas, apesar de vários países pretenderem expulsar o país da organização, nunca houve quorum suficiente – o país acabaria por auto-suspender a sua participação na OEA em abril de 2017. O presidente norte-americano, Donald Trump, tem usado a OEA como uma das armas contra o regime, e também contra Cuba (expulsa da organização em 1962).

Almagro é considerado um político astuto mas demasiado flexível, tendo protagonizado vários zigue-zagues ao longo da sua extensa carreira política. Um deles tem precisamente a ver com a Venezuela. Quando Hogo Chávez morreu, Almagro dizia que “existe a consolidação de um processo que teve pleno êxito na política interna e sucesso na projeção internacional. Será esse o caminho a seguir”. Pouco tempo depois, transformou-se num dos mais violentos inimigos de Maduro – a tais pontos que o México, uma das potências regionais, quase cortou com Almagro.

No seu país, Almagro parece ser ainda mais flexível: foi membro do Partido Nacional, um conglomerado que engloba diferentes movimentos do centro e da direita, para mais tarde fazer parte de uma coligação de esquerda, a  Frente Amplia – mas acabou expulso em 2018 por ter declarado que não descartava a hipótese de uma intervenção militar na Venezuela.

Quando Almagro foi eleito pela primeira vez secretário-geral da OEA, contou com o apoio do governo de esquerda que na altura liderava o Uruguai e teve o voto da Venezuela. Desta vez, Uruguai e Venezuela voltaram a votar favoravelmente em Almagro, com uma ‘pequena’ diferença: o governo uruguaio é agora de direita e o representante venezuelano foi nomeado por Juan Guaidó, líder da oposição a Maduro.

Almagro patrocina ativamente o chamado Grupo de Lima, formado por 14 países – entre eles, as principais potências da América Latina – que se tem destacado como firme opositor externo de Nicolás Maduro. Mas 11 dos 14 membros recusam aceitar a hipótese de uma intervenção militar externa.

Estranhamente, em 2018, Luis Almagro disse numa entrevista ao jornal espanhol ‘El Pais’ que considerava que o lugar de secretário-geral da OEA não devia poder ser ocupada pelo mesmo responsável em dois mandatos consecutivos e que tudo faria para alterar essa disposição interna. Aparentemente não alterou.

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