Luís Todo Bom defende que o Estado devia ter minorias de bloqueio em empresas estratégicas para Portugal, como nos casos da ANA – Aeroportos de Portugal e da Redes Energéticas Nacionais (REN).
“Há empresas onde se justificava que o Estado tivesse com uma minoria de bloqueio, 33,4%”, disse o gestor e professor universitário em entrevista à Antena 1/Jornal de Negócios este sábado, 3 de abril.
“Na ANA, para termos uma palavra na estratégia aeroportuária nacional, que não temos. Na REN, são redes nacionais [de transporte de eletricidade e de gás natural], não temos uma participação estratégica nas nossas redes nacionais”, destacou o também conselheiro do líder do PSD, Rui Rio.
No caso da ANA, Luís Todo Bom apontou que a “a estratégia aeroportuária, a gestão do sistema de aeroportos, é uma decisão estratégica da empresa que gere os aeroportos e o Estado não tem nenhuma” participação na estratégia.
O responsável apontou que os contratos de concessão “não salvaguardam o suficiente, não definem estratégias, definem um conjunto de regras para a prestação do serviço”.
Em relação à TAP, deixou críticas ao aumento da participação do Estado para os 72,5%. “Não teria feito a reversão de parte da privatização”.
“Se a TAP desaparecer, não há nenhum turista que deixe de vir a Portugal”, afirmou o também administrador da Galp.
O gestor apontou que a TAP “vai se transformar numa empresa pública como era. Logo que a pandemia passe, os pilotos fazem greve no Natal para regressar à situação anterior”.
Luís Todo Bom considera que a Comissão Europeia vai ser essencial para travar “apoios indiscriminados” à companhia aérea.
Na entrevista, o gestor também abordou as polémicas em redor de grandes empresas como a EDP e a Portugal Telecom (PT), onde foi presidente executivo, administrador não executivo da PT Internacional e da PT Brasil, e também presidente do conselho consultivo do grupo PT.
“O problema das grandes empresas, PT e EDP, é a sua politização. Estão muito ligadas ao poder político e isso tem sido negativo para a sua gestão”, começou por dizer sobre este tema.
“O problema tem a ver com a sua ligação intensa, quase alguma promiscuidade política, ao nível das autorizações, das vendas, das compras”, acrescentou.
“O que destruiu a PT foi a compra da Oi, uma pressão política. No caso da EDP, tem imensas relações políticas, há o problema das renováveis com rendas garantidas, muita intervenção administrativa no caso da EDP. A relação muito estreita com o Estado é profundamente negativa”, afirmou Luís Todo Bom.
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