[weglot_switcher]

Lynda Gratton: “Se vamos trabalhar até aos 80 anos, um fim-de-semana de três dias é uma óptima ideia”

Em Lisboa para participar no “World Leadership Forum”, Lynda Gratton explica que a ideia de uma semana de trabalho de quatro dias, que tem vindo ganhar espaço no debate sobre o futuro do trabalho, apenas funcionaria “se toda a gente o fizesse”. 
  • Cristina Bernardo
22 Maio 2019, 07h45

“Se vamos trabalhar até aos 80 anos, um fim-de-semana de três dias é uma óptima ideia”. O argumento é de Lynda Gratton, professora de práticas de gestão na London Business School, onde se dedica a estudar o futuro do trabalho e do comportamento organizacional, em declarações ao Jornal Económico.

Em Lisboa para participar no “World Leadership Forum”, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa e termina esta quarta-feira, Lynda Gratton explica que a ideia de uma semana de trabalho de quatro dias, que tem vindo ganhar espaço no debate sobre o futuro do trabalho, apenas funcionaria “se toda a gente o fizesse”.

A especialista em futuro do trabalho sublinha que com a idade da reforma a aumentar, em consequência da esperança média de vida, é esperado que as empresas tenham que gerir diferentes expectativas associadas a cada idade.

No entanto, deixa o alerta: “as organizações precisam de ser empáticas sobre isso, mas a minha preocupação continua a ser de que as empresas se baseiem em demasiados estereótipos, que façam presunções do que é ter 20 anos, do que é ter 30 anos”.

“Todos nós queremos ter ótimos empregos, construir famílias. Penso que temos mais em comum do que diferente”, acrescenta.

Para Lynda Gratton, quem esteja a liderar atualmente faz uma gestão durante “uma época de extraordinária transformação”.

“A forma como [os líderes] falam sobre o futuro ajuda a que os trabalhadores compreendam o futuro. Mas também a forma como usam a tecnologia para ajudar as pessoas a colaborarem umas com as outras, como modelam o tipo de comportamento que será importante no futuro”, assinalou.

A professora realça a importância de desenvolver soft skills, tais como saber ouvir ou ser empático, mas também ser criativo e inovador, como resposta aos desafios trazidos pela inteligência artificial. “A inteligência artificial tem capacidade para fazer muito do trabalho atual. Isso significa que precisamos compreender que tarefas são melhor executadas pela tecnologia, mas também encorajar as pessoas a melhorar as suas competências e identificar quais serão as competências humanas que serão necessárias”, explica.

“Temos que focar a nossa atenção em ajudar as pessoas a desenvolver competências para fazerem um trabalho bom e interessante. Não apoio o rendimento básico universal porque é mais importante dar oportunidade às pessoas para trabalhar do que simplesmente dar-lhes dinheiro. Pode ser útil em transições, para ajudar a alguém a fazer a transição, mas não é a resposta”, refere.

Para os líderes o conselho é apenas um: “Precisamos de ver as pessoas individualmente pelo que são e compreendermos que grande parte das nossas percepções sobre as pessoas não estão corretas. Precisamos de ver a personalidade única de cada um”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.