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“Magalhães, o homem e o seu feitio”

Stefan Zweig pinta o retrato de Fernão Magalhães na sua prosa fluida, mostrando-nos um homem entre a ponderação e a ousadia. Eis a sugestão de leitura desta semana da Livraria Palavra de Viajante.
  • Marta Teives
4 Janeiro 2020, 10h38

 

Em 2020, o NRP Sagres fará uma viagem de volta ao mundo no contexto das Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação de Fernão de Magalhães.

A expedição marítima tem uma duração prevista de 371 dias e inclui a presença em Tóquio, durante o período inicial dos Jogos Olímpicos, a participação nas Comemorações dos 500 anos da Descoberta do Estreito de Magalhães, em Punta Arenas, no Chile, um troço de navegação em companhia do navio espanhol Juan Sebastian Elcano, a presença em cidades da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas e ainda estadias em algumas cidades da Diáspora Portuguesa.

Agora que assentaram as poeiras da polémica – ou, dado que estamos a falar de uma viagem marítima, talvez seja mais adequado falar em salpicos da polémica –, já se pode voltar a referir a figura de um dos mais extraordinários portugueses da Idade Moderna, se não mesmo de toda a nossa história, sem arriscar o mesmo destino do navegador.

Para além da imensa mestria no que respeita às artes da navegação, Fernão de Magalhães era um homem meticuloso e ponderado. A sua paciência e a confiança nos seus conhecimentos foram um importante lastro para que quase cumprisse a sua extraordinária missão, que só viria a ser coartada pela sua morte durante um combate com nativos numa ilha hoje pertencente às Filipinas.

A biografia que está verdadeiramente à altura do homem e do seu feito foi escrita por um dos maiores escritores europeus de sempre. O austríaco Stefan Zweig foi, aliás, autor de outras biografias inexcedíveis, como a da malograda Maria Antonieta. Na sua prosa tipicamente fluida e elegante, Zweig transporta os leitores para a Era dos Descobrimentos narrando a vida de um dos maiores e mais audazes aventureiros da história humana.

“Magalhães anda de navio em navio, sobretudo para verificar o carregamento e a carga. (…) Os extensos arquivos chegam ao extremo de registar, até ao meio maravedi, o preço de cada martelo, de cada corda, de cada saquinho de sal, de cada resma de papel, e as colunas de algarismos, com as suas especificações e fracções, escritas com frieza e correcção pela mão de um qualquer escrivão indiferente, traem, de forma talvez ainda mais convincente do que todas as palavras patéticas, o génio paciente deste homem.”

A edição a que aqui nos referimos é publicada pela Assírio & Alvim, mas nas livrarias pode também encontrar-se a da Relógio d’Água, que contém ilustrações.

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