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Maiores fintechs portuguesas angariaram mais de 430 milhões de euros em investimento

As startups tecnológico-financeiras de Portugal estão sobretudo a operar e a desenvolver os pagamentos e transferências de dinheiro (27%), a digitalização dos seguros (17%) e a blockchain e cripto ativos (10%), concluiu o “Portugal Fintech Report 2021″ divulgado esta quinta-feira.
28 Outubro 2021, 09h30

As 30 maiores startups financeiro-tecnológicas (fintech) em Portugal arrecadaram mais de 437 milhões de euros em investimento – mais especificamente 437,236,483 euros, concluiu o “Portugal Fintech Report 2021”, elaborado pela associação Portugal Fintech em parceria com as consultoras Accenture e International Data Cooperation (IDC), a Visa e a sociedade de advogados Morais Leitão.

O montante é relevante dentro do ecossistema de empreendedorismo, que parece continuar a conseguir manter os investidores de capital de risco por perto. Só até agosto as startups portuguesas (fintechs e de outras áreas) encaixaram 821 milhões de euros num total de 115 rondas de investimento.

Olhando para a radiografia do sector, as fintechs nacionais têm geralmente uma equipa de 30 pessoas – embora 14% das analisadas tenham mais trabalhadores – e são empresas B2B (85%). As grandes metrópoles de Lisboa (60%) e Porto (20%) são os seus principais polos, mas fora de Portugal há outros países que acolhem a sedes, como França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e Países Baixos.

Em termos de distribuição por segmentos de atividade, as fintechs com ADN português estão sobretudo a operar e a desenvolver os pagamentos e transferências de dinheiro (27%), a digitalização dos seguros – insurtech – (17%) e a blockchain e cripto ativos (10%). Quanto às que captam mais financiamento, as áreas não variam significativamente: cibersegurança e tecnologia regulatória – regtech – (60%), blockchain e cripto (27%) e insurtech (8%)

“2021 foi um ano interessante para as fintechs em Portugal. À medida que o mundo se foi curando lentamente, deixando para trás bloqueios e medo, somos capazes de identificar algumas das mudanças e transformações que definem a era pós-pandemia. Por exemplo, vemos o sector a mudar de uma atitude extravagante para uma abordagem confiante e madura, caracterizada por agentes maduros a fazer parcerias para conquistar os seus mercados”, lê-se no documento divulgado esta quinta-feira.

Maturidade é mesmo a palavra de ordem nesta edição do relatório que anualmente traça o perfil e faz o ponto de situação deste mercado. De tal ordem que em 2021 duas fintechs portuguesas conquistaram o título de unicórnio (empresa avaliada em mais de mil milhões), o que nunca tinha acontecido antes. A Feedzai, liderada por Nuno Sebastião, foi a primeira em março e, apenas quatro meses depois, a Remote, co-fundada por Marcelo Lebre, seguiu-lhe as pisadas.

“O ecossistema fintech português tem hoje um elevado grau de maturidade, que o coloca ao nível de outros hubs mundiais. Por um lado, o relatório mostra como Portugal atrai novas startups e empreendedores em diferentes verticais. Por outro, a própria maturidade das instituições maduras, mais interessadas e a trabalhar com startups fintech, mostrou como 2021 foi um ano de viragem na cooperação entre estes dois universos”, comenta João Freire de Andrade, fundador da Portugal Fintech.

O mais recente “Portugal Fintech Report 2021” demonstra ainda que quase 30% das empresas foram fundadas pouco antes da pandemia, em 2019, um ano de expansão económica em Portugal e recordes no turismo.

“A transição para um mundo pós-vacinado está a enfatizar a questão de um milhão de dólares sobre o futuro do trabalho: é híbrido? É remoto? Não sabemos. Sabemos, no entanto, que os consumidores aumentaram as suas expectativas sobre o quão acessíveis e significantes os serviços e produtos financeiros devem ser, devido ao surgimento de embedded finance [uso de ferramentas e serviços financeiros por uma empresa de outra área] e serviços bancários e seguros incorporados como uma experiência”, adianta a 5ª edição deste estudo.

Já as três principais regiões em termos de financiamento são Estados Unidos (82%), Portugal (8%) e França (7%), mas, em média, pouco mais de um terço (31%) do investimento provem de investidores internacionais, sendo que onze dessas três dezenas se financiaram com capital estrangeiro.

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