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“Maioria dos portugueses quer permanecer no país”

Missões do Ministério estão a percorrer 10 mil quilómetros na Venezuela para chegar a todos os portugueses que aí vivem.
29 Julho 2017, 12h05

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, esteve na Venezuela durante três dias, há pouco mais de um mês. A preocupação do Governo e do Ministério dos Negócios Estrangeiros era a de fazer alinhar as necessidades da comunidade com a resposta da rede consular.

Que diligências foram feitas na sua visita à Venezuela? 
Tivemos contactos com a ministra e o vice-ministro das Relações Exteriores, a quem colocámos as questões que eram as questões da comunidade portuguesa na Venezuela, muito forte no país – não nos esqueçamos que 95% da indústria da panificação é portuguesa. Uma das questões teve a ver com a segurança dos estabelecimentos portugueses, na medida em que vários deles haviam sido vandalizados. Houve uma resposta muito forte da comunidade, mas era preciso garantir junto do governo da Venezuela condições de segurança para esses portugueses. O governo de Maduro comprometeu-se a organizar reuniões de trabalho com esses cerca de 100 empresários e a libertar uma linha de crédito de cinco milhões de dólares, tendo em vista apoiar a recuperação e a reabertura desses estabelecimentos.

Uma linha de crédito só para os portugueses?
Sim. O Ministério das Relações Exteriores reconheceu os empresários portugueses como atores decisivos na vida económica do país – competindo-nos a nós organizar a lista de acesso a esse crédito, trabalho que já foi realizado empresa a empresa. E realizaram-se também as reuniões entre as forças de segurança e os empresários. Por um lado, tivemos também a preocupação de visitar 13 detidos de delito comum portugueses. E   por outro, promovemos encontros entre esses empresários e os serviços consulares tendo em vista a análise de questões de produção, a sua regulamentação e fornecimentos.

A rede consular esteve no âmago das preocupações?
Procurámos reforçar a rede consular – tanto no atendimento, como no apoio social. E lançámos uma campanha em toda a Venezuela de permanências consulares nos pontos mais afastados dos grandes centros urbanos. Estamos a falar de um objetivo de percorrer cerca de dez mil quilómetros; já visitámos 13 estados, já percorremos 5 mil quilómetros, atendendo centenas de pessoas que, na maior parte dos casos, nunca tinham sido visitadas pelos serviços sociais e pelos serviços consulares. Ainda na terça-feira passada partiu mais uma missão para mais um estado venezuelano. São permanências em que não apenas se emitem documentos, mas também se identificam necessidades da mais diversa ordem, para depois se fazer chegar o apoio necessário. Reforçámos também o apoio financeiro às instituições sociais [criadas na Venezuela para os portugueses], procurando ao mesmo tempo estimulá-las a que multipliquem as suas ações para questões habitacionais, de saúde, de segurança, etc..

Quantos portugueses regressaram à Madeira desde o início do conflito entre o regime e a oposição?
São cerca de 3 mil portugueses. Temos inscritos nos serviços consulares perto de 180 mil portugueses; 80% a 90% serão oriundos da Madeira, havendo um outro grande grupo da zona de Aveiro, outro de Coimbra e Porto. Uma grande maioria mostrou vontade de ficar na Venezuela – só em última instância, se estiver em causa a sua própria sobrevivência, ponderam sair do país. Mesmo os que regressaram à Madeira querem voltar à Venezuela.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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