[weglot_switcher]

Mais de cem empresas cabo-verdianas receberam 20 milhões de euros de apoio à tesouraria

Com o turismo totalmente parado desde março, setor que representa 25% do PIB do país, o governante assume que durante o ano de 2020 as empresas cabo-verdianas “deverão paralisar ou reduzir drasticamente a sua atividade produtiva, com redução acentuada da faturação e apertos de tesouraria”.
28 Julho 2020, 20h49

Mais de cem empresas cabo-verdianas receberam, em três meses, 20 milhões de euros de créditos no âmbito das medidas para apoiar a tesouraria dos negócios afetados pela pandemia de covid-19, anunciou esta terça-feira o vice-primeiro-ministro do país.

Numa nota a que a Lusa teve acesso, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, afirmou que já foram concedidos pela banca, com aval do Estado, 252 créditos “a mais de uma centena de empresas beneficiadas”.

“Em apenas três meses já foram concedidos mais de dois milhões e duzentos mil contos [2.200 milhões de escudos, 20 milhões de euros] de créditos, no quadro das medidas de apoio à tesouraria das empresas e às famílias cabo-verdianas, face à crise provocada pela pandemia”, explicou Olavo Correia.

Com o turismo totalmente parado desde março, setor que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, o governante assume que durante o ano de 2020 as empresas cabo-verdianas “deverão paralisar ou reduzir drasticamente a sua atividade produtiva, com redução acentuada da faturação e apertos de tesouraria”.

“Ao nível da proposta de Orçamento Retificativo 2020, estamos com um vasto programa de apoio empresarial para, até ao final do ano, evitarmos a falência das empresas em Cabo Verde”, afirmou ainda, aludindo à nova proposta orçamental, que esta semana vai a votação final na Assembleia Nacional.

Apontou, como exemplos, as linhas de financiamento do Banco de Cabo Verde, de mais de 400 milhões de euros, e as linhas de financiamento covid-19 da banca, com 5.000 milhões de escudos (45,1 milhões de euros), mas também a criação de uma linha adicional com bonificação a 100% dos juros, por parte do Estado, “para as empresas que se comprometerem com normas de segurança, com a manutenção dos postos de trabalho, com a expansão do negócio, e com a criação de novos empregos”.

“Sendo que, neste caso, as empresas pagariam capital e o Governo, através do Orçamento, assumirá os encargos dos juros decorrentes da contratação de empréstimos a serem concedidos no quadro da gestão da covid-19”, explicou.

As empresas do setor do turismo que apresentarem quebras na faturação superiores a 40% vão também poder colocar os trabalhadores em ‘lay-off’, até setembro, apontou Olavo Correia.

Até quinta-feira, no parlamento, é feita a votação final da proposta de Orçamento do Estado Retificativo para 2020, que ascende a 75.084.978.510 escudos (679,1 milhões de euros), entre despesas e receitas, incluindo endividamento, o que representa um aumento de 2,6% na dotação inscrita no Orçamento ainda em vigor.

Prevê o recurso ao endividamento público, com o Governo a estimar ‘stock’ equivalente a 150% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2021.

O Orçamento do Estado em vigor previa um crescimento económico de 4,8 a 5,8% do PIB em 2020, na linha dos anos anteriores, uma inflação de 1,3%, um défice orçamental de 1,7% e uma taxa de desemprego de 11,4%, além de um nível de endividamento equivalente a 118,5% do PIB.

Estas previsões são drasticamente afetadas pela crise económica e sanitária, refletidas nesta nova proposta orçamental para 2020: uma recessão económica que poderá oscilar entre os 6,8% e os 8,5%, uma taxa de desemprego de quase 20% até final do ano e um défice orçamental a disparar para 11,4% do PIB.

Cabo Verde registava no final do dia 27 de julho um acumulado de 2.328 casos de covid-19, diagnosticados desde 19 de março, com 22 óbitos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 650 mil mortos e infetou mais de 16,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.