A decisão da China de permitir uma ligeira desvalorização do yuan, alargou o conflito com os EUA para o terreno cambial.

Foi um ato sobretudo simbólico porque, para já, a volatilidade da moeda continua baixa e a desvalorização foi pouco expressiva. O que fica da decisão é a demonstração da capacidade que a China dispõe sobre o câmbio e que os EUA não têm de forma tão expedita em relação ao dólar. Deve notar-se que a China não fez uma intervenção para desvalorizar a sua moeda – apenas deixou que o mercado levasse o yuan para valores um pouco mais fracos. Ou seja, nos últimos meses a China até tem impedido o yuan de desvalorizar e não o contrário.

O tema é mais complexo do que parece porque não se trata apenas de uma guerra comercial. O pano de fundo é o choque entre duas perspetivas para o mundo: a China defende o multilateralismo, eventualmente para chegar a uma supremacia; os EUA tentam, finalmente, lutar pela manutenção da sua própria supremacia.

Os campos em que se trava esta guerra passam pela economia, finanças e tecnologia com naturais alfinetadas a nível geopolítico, passando pela Venezuela, Hong Kong, Taiwan e, claro, pelas Coreias.

Pode ser tentador colocar em cima da personalidade de Trump a responsabilidade por toda a instabilidade, mas os interesses de longo prazo dos EUA estão verdadeiramente em causa. Até os Democratas têm alguma prudência em criticar a Casa Branca nesta matéria porque há a sensação de que realmente algo tem de ser feito para inverter a tendência de longo prazo.