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Manifestação em França contra aquisição da Monsato pelo grupo Bayer

O grupo de manifestantes quer sensibilizar as instituições europeias, que têm de se pronunciar sobre o negócio de 59 mil milhões de euros, para o que considera ser um negócio nocivo para produtores e consumidores.
3 Março 2018, 17h31

Dezenas de pessoas manifestaram-se este sábado na cidade francesa de Lyon contra a fusão de dois gigantes mundiais das áreas da farmacêutica, dos pesticidas e da agricultura. O projeto de aquisição da norte-americana Monsanto pelo grupo alemão Bayer precisa do carimbo da Comissão Europeia e a votação está prevista para 12 de março.

“O nosso combate prende-se com a saúde pública, com a biodiversidade e com os agricultores. Estamos a lutar contra os agroquímicos, contra a agroindústria, mas não contra os agricultores” refere um francês, citado pela agência Euronews.

Preços inflacionados, menos qualidade e concorrência são algumas das preocupações manifestadas por Bruxelas com a aquisição. A fusão garantiria à Bayer e Monsanto 30% do mercado mundial de sementes e 24% do de pesticidas, pondo em causa a política de livre concorrência, considerado um dos pilares da União Europeia.

O grupo Monsanto é certamente aquele sobre o qual, no setor em que atual, o mais visado pelas críticas. É acusado de restringir a liberdade na agricultura – condicionando a produção de sementes – e de enfeudar os países mais pobres a uma produção que, a prazo, arruína os solos, prolongado precisamente esse estado de pobreza. O grupo foi por diversas vezes levado a tribunal pelas suas práticas.

Um dos casos mais emblemáticos que envolvem a Monsanto tem a ver com a guerra. A Monsanto, em parceria com a Dow Chemical, forneceu os 80 milhões de litros de Agente Laranja despejados sobre o Vietname para destruir as plantações de arroz do inimigo e desfolhar a vegetação, entre 1965 e 1971. O pesticida terá provocado câncero em milhares de vietnamitas e malformações em 150 mil crianças, mas as duas empresas já ganharam ou recorreram de várias sentenças judiciais condenando-as a pagar indenizações às vítimas. A Dow e a Monsanto só concordaram em pagar indenização aos soldados norte-americanos, num acordo feito em 1984.

No ano passado a Comissão Europeia autorizou duas megas fusões no setor agroquímico. Uma situação que os contestatários querem evitar que volte a ocorrer, desta vez com a compra da Monsanto – produtora de sementes geneticamente modificadas – pelo grupo farmacêutico e agroquímico alemão Bayer, num negócio que deverá ascender aos 59 mil milhões de euros.

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