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Manuel Pinho: da vida pacata em Nova Iorque ao caso das rendas da energia

O antigo ministro da Economia, Manuel Pinho, passou os últimos anos nos EUA a dar aulas. O caso das rendas da EDP e o financiamento da elétrica à Universidade de Columbia, em 2010, criando um curso de energias renováveis ministrado por Manuel Pinho trouxeram-no de volta a Portugal.
4 Julho 2017, 07h05

Há muito que o antigo ministro Manuel Pinho não estava habituado aos holofotes. Com uma vida pacata nos Estados Unidos, onde é docente na Universidade de Columbia, pouco acompanhava a atualidade nacional. As aulas, as visitas a galerias de arte e os passeios por Manhattan ocupavam grande parte do seu tempo.

Manuel Pinho gostava mesmo de dizer aos amigos que a qualidade de vida em Nova Iorque e o facto de passar despercebido muito dificilmente o trariam de volta a Portugal. De facto, em 2009, o ministro despediu-se do governo de forma pouco ortodoxa.

Francisco Louçã, então deputado, questionava o antigo primeiro- ministro José Sócrates sobre as minas de Aljustrel quando Bernardino Soares lançou um aparte directo ao ministro da Economia. A resposta, gestual, ficou para a história das polémicas parlamentares. O gesto de Manuel Pinho a endereçar uns “chifres” ao deputado comunista correu mundo.

Confrontado pelos jornalistas com este episódio, o ministro da Economia pediu desculpas, sublinhando que o caso das minas de Aljustrel foi muito difícil e que se sentiu ofendido com as afirmações de ouviu. Após a saída do Governo Pinho refugiou-se no Algarve com a mulher, Alexandra Pinho, e os filhos. O ex-ministro aproveitou para descansar na praia do Gigi, na Quinta do Lago.

Nascido em outubro de 1954, licenciou-se em Economia, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, em 1976, e doutorou-se em 1983 na Universidade de Paris-X.

Foi professor na Universidade Católica Portuguesa e no Instituto Superior de Economia, entre 1982 e 1984, e economista do Fundo Monetário Internacional (1984-1987). A partir de 1994 ingressou no Conselho de Administração do Grupo Banco Espírito Santo, ocupando também lugares de administração em várias empresas participadas. Além de Columbia foi também professor em várias universidades prestigiadas.

Em 2016, o Tribunal Central de Lisboa chumbou o pedido de Manuel Pinho para que lhe fosse atribuída uma reforma do Novo Banco e do fundo de pensões do Banco Espírito Santo (BES).

Nas visitas a Portugal aproveitava para conviver com os amigos, jogar golfe e até chegou a visitar Aljustrel, onde recordou o dia em que as minas foram salvas da falência. Em 2015 também conduziu a filha ao altar num casamento realizado ao ar livre na Herdade de Santa Maria, em Almeirim.

Desta vez, o regresso ao país deu-se por outras razões. Ontem foi chamado à PJ no âmbito de um inquérito a eventuais crimes de corrupção e participação económica em negócios na área da energia. Nos próximos dias Manuel Pinho estará de partida para a China para dar aulas sobre energia.

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