No encerramento de um ciclo de conferências intitulado “Futuros Globais” que assinalou os 50 anos da Universidade Católica Portuguesa, nas instalações desta instituição, em Lisboa, o chefe de Estado considerou que se vive uma fase “muito ingrata” no plano internacional, com “um regresso às angústias de há cem anos”.
“Que fique claro que o respeito da dignidade da pessoa humana é uma linha vermelha que não pode ser riscada nem beliscada. Mas, atenção, a pessoa humana que valoramos é uma pessoa concreta, de carne e osso, não é uma cómoda abstração, álibi para a indiferença e para a inação”, afirmou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “as mais das vezes não basta defendê-la preservando a sua dignidade, é preciso combater por essa dignidade, porque a inércia nestes tempos e nos mais próximos ser-lhe-á adversa”.
Numa intervenção em que proclamou “neutral, nunca, porque ninguém é neutral”, o Presidente da República descreveu o atual contexto global como uma época de apelo “ao egocentrismo, à luta pela sobrevivência e a salvação a sós, ao imediato, ao superficial, ao imageticamente mais básico e fácil de apreender e de aceitar, à rejeição da abertura, da disponibilidade para o outro”.
Sem nunca falar de nenhuma situação em concreto, acrescentou: “A fase que vivemos e viveremos por mais uns apreciáveis anos – esperemos que não mais de uma década – é muito ingrata. Durante ela teremos de revigorar valores e princípios, manter posturas essenciais, reforçar solidariedades”.
Marcelo Rebelo de Sousa insistiu na necessidade de, perante “situações de medo, de insegurança de temor, de rejeição explícita e implícita da mudança”, se “afirmar, preservar e fortalecer um sentido personalista da vida, da pessoa e da comunidade”.
O Presidente sustentou que há que “saber como canalizar a mudança”, em vez de a negar.
“Queremos futuros globais, mas globais, mesmo, de paz e não de guerra, de multilateralismo e não de fechamento unilateral, de defesa dos direitos das pessoas”, enunciou, completando: “E não fórmulas-tampão, por natureza conjunturais e frágeis, concebidas à medida dos egoísmos e das intolerâncias da moda”.
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