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Mariano Rajoy cada vez mais contestado, mesmo no Partido Popular

O chefe do governo espanhol deve abandonar a liderança do partido e promover a renovação, dizem pelo menos 60% dos próprios militantes. O calvário da atual legislatura continua.
  • Mariano Rajoy
10 Fevereiro 2018, 15h24

O novo mandato que o líder do Partido Popular espanhol, Mariano Rajoy, iniciou em 2016 dificilmente poderia ser mais tormentoso para um chefe de governo. Primeiro, foi o aparecimento de novos partidos, o Podemos e o Ciudadanos, cheios de vitalidade; depois a vitória demasiado curta para formar um governo sólido – o que fez o país estar vários meses sem governo; depois foram as intermináveis negociações com o PSOE para que os socialistas aceitassem deixar passar um governo de iniciativa popular; mais tarde, regressaram as acusações de envolvimento de figuras destacadas no partido em atos de corrupção; e finalmente sucedeu a crise da Catalunha – que continua ativas e sem dar mostras de se encaminhar para uma solução.

Como corolário deste ano para Rajoy esquecer, o chefe do Estado vê o seu partido encolher cada vez mais, na proporção exata do crescimento do Ciudadanos, liderado por Albert Rivera – que, dizem várias sondagens, pode bem vir a ser o próximo chefe de governo.

Só para manter a pressão, a imprensa espanhola de hoje dá nota de uma sondagem segundo a qual mais de 60% dos eleitores de PP querem que Rajoy saia da presidência do PP, para dar lugar à aparentemente necessária renovação do partido – percentagem que sobre para os 85% se o universo considerado for a totalidade dos eleitores.

Para os espanhóis, Mariano Rajoy, deve deixar o cargo e abrir caminho para a sua substituição. Cerca de 85% dos entrevistados acredita que seu tempo passou, de acordo com uma sondagem encomendada pelo jornal “El Pais” realizada esta semana – e que coincide com o início, tímido, do debate interno no PP sobre o processo de sucessão de Rajoy. Ninguém no PP se atreve a tornar esse debate público, mas já não é um assunto tabu, diz o jornal espanhol, tradicionalmente conotado com o PSOE.

A sondagem indica também que 65% dos eleitores acredita que chegou o momento de o PP deixar o governo. Os eleitores do PSOE (86%), do Podemos (95%) e do Ciudadanos (70%) convergem para essa análise – apesar de ser curioso que a percentagem seja mais baixa no partido de Rivera, precisamente aquele que mais tem subido nas intenções de voto e que se afigura como o possível ‘carrasco’ do PP.

Outra curiosidade: 18% dos eleitores do PP consideram que o partido deve abandonar o governo e dar lugar a uma alternativa. A sondagem diz ainda que 24% da população é a favor de o PP continuar a governar em coligação com outras forças políticas e que apenas 10% acredita que o partido deve permanecer à frente do governo.

Mariano Rajoy, de 62 anos, assumiu a liderança do PP em 2004 e, desde então, foi candidato à presidência do governo em cinco ocasiões. Os dois primeiros atos eleitorais em que participou como líder foram perdidos para o socialista José Luis Rodríguez Zapatero. Nessa altura, a madrilena Esperanza Aguirre tentou ser alternativa a Rajoy, mas sem sucesso.

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