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Mário Soares: O “pai da democracia” morreu há dois anos

Mário Soares morreu no dia 7 de janeiro de 2017. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa recordou o antigo Presidente da República e recordou a sua luta por um “Portugal mais justo”.
8 Janeiro 2019, 13h01

“Evoco sentidamente a personalidade do Dr. Mário Soares no segundo aniversário do seu falecimento. A sua memória é a memória de um cidadão empenhado na causa da liberdade e da democracia, que corajosamente lutou, antes e depois do 25 de abril de 1974, por um Portugal mais justo e mais solidário, mais desenvolvido”, lê-se numa mensagem assinada por Marcelo Rebelo de Sousa no site da Presidência da República.

Mário Soares morreu no dia 7 de janeiro de 2017, aos 92 anos. O político foi uma das mais emblemáticas figuras do século XX português. Combateu a ditadura de Salazar e Caetano, que a Revolução dos Cravos derrubou em 1974, fundou o Partido Socialista (PS), foi ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro nas décadas de 70 e 80, e Presidente da República, de 1986 a 1996.

O ex-Presidente e líder histórico do PS concorreu às Europeias antes do final do milénio e foi eleito eurodeputado, cumprindo mandato entre 1999 e 2004. Voltou a prometer, aos 80 anos, que se iria retirar, mas volta em 2005 para se candidatar, sem sucesso, à Presidência da República, tendo sido derrotado por Cavaco Silva.

A popularidade do presidente agnóstico, laico e republicano foi visível no adeus. Alguns cidadãos limpavam as lágrimas, outros benziam-se defronte da urna. A urna do ex-Presidente, ladeada por seis elementos das forças armadas, tinha apenas quatro coroas de flores. Uma do primeiro-ministro, António Costa, outra dos deputados, outra do Presidente da República. A última era dos filhos e dos netos, que expressam o seu “amor”.

Outras centenas de coroas dispersavam-se fora daquela sala, num dos corredores dos claustros, onde milhares de anónimos se confundem com figuras destacadas. Foi no claustro que foi conduzida a homenagem fúnebre, com intervenções dos filhos de Mário Soares, Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa. Com música do Coro do Teatro de São Carlos, a derradeira despedida de Mário Soares terminou com um poema: “Os dois sonetos de amor da hora triste”, da autoria de Álvaro Feijó. A declamá-lo estava Maria Barroso, que numa intervenção gravada fez a última homenagem ao seu companheiro de vida, antes de seguir para o Cemitério dos Prazeres.

No final do ano passado, o Diário de Notícias avançou que os dois filhos de Mário Soares, João e Isabel, opunham-se à atribuição de honras de Panteão ao pai – e João Soares já teria mesmo comunicado essa decisão ao líder parlamentar do PS, Carlos César.

Recorde-se que no Verão passado já tinha sido proposto por um grupo de deputados do PS e do PSD uma “alteração cirúrgica” sobre as honras do Panteão Nacional para que os restos mortais de Mário Soares pudessem para lá ser transladados, o que motivou uma discussão sobre as personalidades que mereceriam igual distinção.

Ao DN, João Soares agradeceu a intenção mas considera que “fazer uma lei especial para Mário Soares e os ex-Presidentes seria absurdo”.

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