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Marques Mendes aposta em Mourinho Félix e Vieira da Silva para futuro ministro das Finanças

“O primeiro parece a solução óbvia, pois é o principal secretário de Estado de Mário Centeno. O segundo, por uma razão que pouquíssima gente conhece, e que é Vieira da Silva (atual ministro do Trabalho) foi a primeira escolha de António Costa para Ministro das Finanças do Governo, quando há três anos formou esta solução do Governo”, revelou o comentador.
7 Outubro 2018, 23h45

Luís Marques Mendes, nos seus comentários na SIC, comentou a entrevista do primeiro-ministro António Costa desta semana, dizendo que confirma que este é o último orçamento de Mário Centeno.

Uma das certezas com que se fica da entrevista de António Costa à TVI “é a de que Mário Centeno vai sair e não ficará no próximo Governo”, disse o comentador.

Para onde irá Mário Centeno? O comentador disse mais uma vez que irá para um de dois cargos internacionais: “ou Presidente do próximo Fundo Monetário Europeu (organismo que vai ser criado na União Europeia); ou Comissário Europeu, podendo ser eventualmente vice-presidente da Comissão”.

Daí surge a outra questão que é quem substituirá Mário Centeno como ministro das Finanças? “Eu acho que será uma de duas pessoas, ou Mourinho Félix ou Vieira da Silva”, vaticinou Marques Mendes que explicou: “O primeiro parece a solução óbvia, pois é o principal secretário de Estado de Mário Centeno. O segundo, por uma razão que pouquíssima gente conhece, e que é Vieira da Silva (atual ministro do Trabalho) foi a primeira escolha de António Costa para Ministro das Finanças do Governo, quando há três anos formou esta solução do Governo”, revelou o comentador.

“O Plano A de Costa era Vieira da Silva nas Finanças e Mário Centeno no Trabalho. Depois, houve uma troca. Podemos assistir ao regresso desse Plano A”, questionou Marques Mendes.

Depois de dizer que Costa pediu na TVI a maioria absoluta, Marques Mendes alertou que o problema mesmo para o PS é se não tem maioria absoluta. “Isso vai ser um choque enorme para Costa e um problema sério para o PS. Aí, o mais provável é termos um novo governo minoritário do PS, que provavelmente não fará a totalidade do mandato. Poderá cair a meio do mandato, até por causa do arrefecimento da economia”.

Conclusões do que se conhece do Orçamento 

“A primeira, do ponto de vista do país, será um orçamento com uma marca histórica – um OE de défice zero”, disse lembrando que é um resultado histórico em toda a nossa democracia.

Depois vai ser um orçamento muito popular, disse. “Os pensionistas, os funcionários públicos, os utilizadores de transportes públicos da Grande Lisboa e do Grande Porto (porque os passes sociais vão baixar) vão gostar do OE”, revelou. “Do ponto de vista politico é um bónus eleitoral para o PS. É um dos orçamentos mais eleitoralistas de sempre”.

Marques Mendes diz que de todas as medidas, incluindo o alívio do IRS, “a que mais vai contribuir para a maioria absoluta vai ser a da redução do preço dos passes sociais”, defendeu.

“É um pesadelo para a oposição. Se PSD e CDS criticam pelo défice, são incoerentes. Se criticam pelas benesses, tornam-se impopulares”, disse.

“Este Orçamento pode não ser sustentável no futuro quando a economia começar a arrefecer”, revelou o comentador.

“O período que estamos a viver é muito parecido com o tempo do primeiro governo de António Guterres, há 20 anos: também o Governo era minoritário; também a economia estava a crescer; também era “chapa ganha, chapa gasta”; também o Governo distribuía dinheiro por toda a gente para tentar a maioria absoluta. Depois, foi o PS não conseguiu a maioria absoluta; a seguir veio o pântano; Guterres saiu e depois começou a crise que demorou estes anos todos.”

“Será que podemos dar hoje sem ter que voltarmos atrás amanhã”, questionou.

Costa versus professores 

Sobre o conflito aberto entre os professores e o Governo, Marques Mendes diz que “os professores estão a ser vítimas da irresponsabilidade do Governo e do radicalismo dos sindicatos”.

“Foi o Governo que criou este problema, quando há um ano criou esta expectativa. O Governo prometeu o que sabia que era impossível cumprir. O Governo foi irresponsável”, disse acrescentando que também estão a ser vítimas do radicalismo dos sindicatos. “Isto é uma grande derrota dos sindicatos”. Perante a irresponsabilidade do Governo, “os sindicatos optaram pelo tudo ou nada, actuaram de pior forma possível. Não quiseram negociar um meio termo e com isso perderam”, defendeu.

“Perderam na opinião pública, porque ninguém compreende que os professores queiram recuperar todo o tempo de serviço quando nenhuma classe profissional recuperou tudo o que perdeu no tempo da troika. E pior, perderam na decisão final. Se os sindicatos tivessem tido abertura negocial, os professores acabariam por recuperar 4, 5 ou até 6 anos de tempo de serviço, faseadamente. Até aí  o Governo aceitaria ir. Assim, só ganham 2 anos e alguns meses. Quem tudo quer tudo perde. Os professores saíram prejudicados”.

Sobre o caso do roubo das armas de Tancos, e depois do Expresso ter noticiado que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, assegurou ao juiz de instrução do caso Tancos ter dado conhecimento ao ministro Azeredo Lopes da encenação montada na Chamusca mais de um mês após a recuperação das armas.  No interrogatório judicial Vasco Brazão revelou que o ministro da Defesa foi informado da encenação montada pela Polícia Judiciária Militar (PJM) em conjunto com a GNR de Loulé, em relação à recuperação das armas furtadas.

Em declarações aos jornalistas em Bruxelas, o ministro veio dizer ser “completamente falso” que tenha sido informado deste plano.

António Costa veio depois dizer que não vê razões para demitir o ministro da Defesa. A este propósito Marques Mendes disse que nestas matérias, “a minha orientação é muito clara e coerente: quando um Ministro está sob suspeita grave, deve fazer o que fizeram António Vitorino, no Governo Guterres, e Miguel Macedo, no Governo de Passos Coelho, perante a suspeita, tomaram a iniciativa de sair, não se agarrando aos lugares. Não é para assumirem a sua culpa nenhumamas sim para defenderem as instituições que representam. não comprometerem a sua imagem e a imagem das instituições que representam, coloca o interesse público acima do interesse pessoal.
“Assim acho que Azeredo Lopes deve sair ou ser convidado a sair. Por três razões essenciais, primeiro porque Azeredo é a partir de agora um ministro sob suspeita, logo diminuído na sua credibilidade, fragilizado e condicionado na sua ação e a primeira prova de que o Ministro está diminuído, condicionado e fragilizado revelou-se anteontem, no 5 de Outubro, onde o Ministro meteu baixa, faltou às cerimónias militares, não acompanhando sequer o Presidente da República”, referiu Marques Mendes que defende que Azeredo Lopes deve sair do Governo.

“A Segunda razão é qe Azeredo Lopes não é um Ministro qualquer, é o Ministro das Forças Armadas. Ora, uma suspeita grave em relação ao Ministro que “tutela” as Forças Armadas não mancha só a imagem do Ministro e do Governo. Afecta também a imagem da instituição militar. Ora, o interesse público deve estar sempre acima do interesse pessoal, político e partidário”, disse.

Por fim, disse, “há uma probabilidade de, mais dia, menos dia, Azeredo Lopes vir a ser constituído arguido”.

Azeredo Lopes, na perspetiva de Marques Mendes, deve sair pois “é sempre melhor sair antes, pelo seu pé, com liberdade e dignidade, do que sair mais tarde, empurrado e já sem dignidade”.

 

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