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Marques Mendes garante que Paulo Rangel é o escolhido de Rui Rio para se candidatar às europeias

Para além dessa novidade, Marques Mendes comentou a mediática prisão de Armando Vara dizendo que “é apenas uma ponta do icebergue de uma rede muito poderosa que durante 20 anos, ou mais, existiu em Portugal”. O comentador aponta culpas à sua nomeação para a CGD e BCP, não apenas a Sócrates, mas a Vítor Constâncio, então Governador do Banco de Portugal.
20 Janeiro 2019, 21h44

Paulo Rangel “está decidido que vai ser novamente cabeça de lista do PSD nas europeias”, disse hoje Luís Marques Mendes no seu habitual comentário de domingo na SIC.

Isto depois de este mês o eurodeputado Paulo Rangel ter desmentido, através do Twitter, que tenha tido um encontro com o líder do PSD, onde Rui Rio o teria convidado para cabeça-de-lista às eleições Europeias. A informação tinha sido avançada pela edição em papel do Correio da Manhã, mas Paulo Rangel garantiu ao Observador, na semana passada, que “até ao momento não houve nenhum convite” para ser cabeça de lista e que ainda não se encontrou com o presidente do partido este ano.

Esta foi a novidade avançada pelo comentador político que é filiado no PSD.

Recorde-se que Paulo Rangel foi dos que criticou a atuação de Luís Montenegro que classificou como anormal que “em pleno período eleitoral” o partido entre “numa discussão interna”. O eurodeputado do PSD Paulo Rangel elogiou na altura o presidente do partido, Rui Rio, considerando que demonstrou “coragem”, “bom senso e sentido de Estado”, e defendeu que “não é bom nem positivo abrir uma crise política a meses de eleições”.

Houve uma rede muito poderosa em Portugal com mais de 20 anos a exercer tráfico de influência

Marques Mendes foi ainda desafiado a comentar a prisão de Armando Vara (por cinco anos). É até agora o único português a cumprir pena por tráfico de influências. “Mas não será o último”, atalhou o comentador

“É um sinal de confiança na justiça”, realçou, adiantando que se trata do “princípio do fim de uma ideia generalizada na sociedade portuguesa, que era a ideia de que para a cadeia só vai a arraia miúda; de que os poderosos se safam sempre à prisão”.

“Vara foi muito poderoso no PS, no país e na banca e está hoje na prisão”, realçou.

Luís Marques Mendes disse ainda que “Armando Vara fez parte de uma rede que durante 20 anos ou mais tentou controlar o PS, a banca, a comunicação social, grandes empresas como a antiga Portugal Telecom e a justiça”. O comentador apontou um triângulo de controladores dessa alegada rede. “Uma rede liderada por Sócrates, Vara e Carlos Santos Silva”, disse Marques Mendes.

“A prisão de Armando Vara é apenas uma ponta do icebergue noutros processos como a Operação Marquês”, disse.

“Este homem, Armando Vara, teve atuações desastrosas na CGD e o BCP, e a sua nomeação para estes bancos não se deve apenas ao aval de Sócrates, teve também a aprovação do Banco de Portugal, liderado por Vítor Constâncio. Convém nunca esquecer que o BdP deu autorização para que Vara fosse o senhor todo poderoso da Caixa e do BCP. Felizmente que agora as coisas são diferentes”, disse.

 

Marques Mendes elogia Rui Rio na crise do PSD

“Há uma semana antecipei que Rio ganharia no Conselho Nacional”, disse o comentador que resumiu a vitória do líder do PSD por “estar a jogar em casa”, ou seja, jogou no terreno que lhe dava jeito – o Conselho Nacional e não eleições directas.

“A verdade é que na história do PSD nunca um líder perdeu uma votação relevante em Conselho Nacional”, voltou a lembrar o comentador.

Marques Mendes considera que Rui Rio ganhou também porque “fez dois bons discursos, assertivos, acutilantes e mobilizadores: um a responder a Montenegro; o segundo a apresentar a Moção de Confiança”.

“Rui Rio foi de um grande profissionalismo. Foi profissional no discurso e na comunicação, na gestão dos seus apoios, na forma como desgastou os seus adversários em Conselho Nacional, porque foi ele que tirou o coelho da cartola do voto secreto”, disse o comentador.
Rui Rio “ganhou no plano interno”, disse. “Perante o partido, ganhou duas coisas: ganhou em definitivo o direito de ir às eleições legislativas; e ganhou adrenalina. Rui Rio e os seus apoiantes ficaram mais motivados, mais activos, com mais speed”.

“A questão que se coloca é que Rui Rio devia fazer uma reflexão e aproveitar esta oportunidade para mudar. Ao longo destes oito dias de confronto no PSD, muita gente ficou ao lado de Rui Rio, mas ninguém elogiou a liderança de Rui Rio. Nem sequer um único dos seus apoiantes. Criticaram Montenegro, disseram que os mandatos devem ser cumpridos e que este desafio era inoportuno. Mas nenhum dos seus apoiantes disse que Rui Rio estava a fazer um bom trabalho”, disse o comentador.

“Rui Rio deve, pois, aproveitar esta oportunidade para mudar em três planos. Deve ser mais inclusivo, acutilante e diferenciador em relação ao PS. Inclusivo porque deve internamente falar com toda a gente e chamar mais pessoas a trabalhar consigo, mesmo pessoas que não pensem exactamente da mesma maneira. Por exemplo Miguel Albuquerque reconciliou-se com Alberto João Jardim, na Madeira, apesar de pensarem de maneira diferente. rui Rio devia fazer o mesmo”, disse o comentador.

Rui Rio deve ser mais acutilante, defendeu ainda, explicando que “deve falar para António Costa e para o Governo como falou para Luís Montenegro, porque o seu verdadeiro adversário está lá fora não está dentro”.
O país espera que Rui Rio seja diferenciador do PS, alertou Marques Mendes. “Deve ter causas que o diferenciem do PS, na economia, na saúde, no combate à pobreza e às desigualdades sociais, no sistema político. Deve ser um líder mais presente”, rematou.

“Se Rui Rio mudar, significa que esta crise foi uma oportunidade e que a aproveitou. Se não mudar, foi uma vitória de Pirro. Aplica-se então esta máxima: de vitória em vitória até à derrota final”, referiu.

Sobre Luís Montenegro disse que “teve o mérito de ser corajoso e de representar uma parte do partido que não está satisfeita” e “fica na pole position para a corrida à liderança, daqui a 10 meses, se as coisas correrem mal ao PSD liderado por Rui Rio. A tradição no PSD é que quem desafia a liderança está sempre na primeira linha do combate seguinte”.

Há, pelo menos, sete potenciais candidatos à liderança do PSD no futuro, na opinião de Marques Mendes, entre eles Pedro Passos Coelho, que o comentador não considera que seja uma boa ideia.

A lista tem ainda Luís Montenegro “que passou a ser incontornável. A partir de agora, todos têm de contar com a sua candidatura”; e “Paulo Rangel que pode voltar a ser candidato no futuro. Para já, está decidido que vai ser novamente cabeça de lista do PSD nas europeias”.

Marques Mendes aponta ainda a nova geração de PSDs. Na sua opinião à cabeça dessa lista de possíveis futuros líderes do PSD está Carlos Moedas, atual comissário europeu. “A sensação que tenho é que vai ser um dia líder. Só não se sabe é quando. Não será no imediato”. Depois surge “Miguel Pinto Luz – o actual vice-presidente da Câmara de Cascais tem ambição e qualidades. Está a fazer o seu caminho”.
Pedro Duarte”é outro jovem cheio de qualidade e talento. Pode ser candidato ou um excelente número dois”, e por fim Miguel Morgado, tem qualidade, mas o problema, pelo menos para já, é que não tem apoios”.

Em conclusão, o futuro vai depender de três realidades: Do resultado que Rui Rio tiver nas legislativas; Do resultado do PS. Uma maioria absoluta de António Costa assusta. A falta de maioria incentiva. Das condições que cada um tiver. Para se ser eleito líder, não chega ter qualidades. É preciso ter condições (apoios), disse o comentador.

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