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Marques Mendes não compreende Fórmula 1 no Algarve em tempos de pandemia: “É um erro enorme”

O comentador político não compreende a gestão feita pelo Governo da pandemia, que está a colocar uma pressão “nunca antes vista” no SNS e que esbarra na incoerência das restrições à circulação na mesma semana em que quase 30 mil pessoas assistiram a uma prova de automobilismo no Algarve.
25 Outubro 2020, 21h41

Luís Marques Mendes, comentador político e antigo líder do PSD, diz não compreender a gestão da pandemia por parte do Governo, especialmente a questão da Fórmula 1 no Algarve, que juntou 27.500 pessoas no Autódromo Internacional de Portimão.

“Não é preciso ser-se cientista ou epidemiologista para perceber que isto é um erro”, defendeu Marques Mendes, que fala em perda de credibilidade e incoerência. “O mesmo Governo que tomou esta semana a boa decisão, ainda que dura e difícil, de proibir a circulação entre concelhos no Dia dos Finados, este fim-de-semana autorizou a circulação de milhares de pessoas para o Algarve”, argumenta o social-democrata.

Aliás, um dos fatores que leva à incompreensão de Marques Mendes é precisamente a deslocação de uma massa grande de pessoas do Norte, o epicentro da pandemia neste momento a nível nacional, que poderá levar à proliferação da doença para sul.

O comentador arrancou o seu espaço precisamente com uma análise aos dados da pandemia de Covid-19 em Portugal, mostrando grande preocupação com a evolução da doença em Portugal. Marques Mendes diz mesmo que os profissionais de saúde com quem falou nunca viram “uma pressão tão grande” no sistema.

Assim, a evolução da situação leva Marques Mendes a considerar que o estado de emergência “será inevitável, mais dia menos dia”, bem como o recolher obrigatório durante a noite. Mas para o social-democrata, há questões mais importantes na gestão da pandemia.

“Estamos numa segunda vaga que, pelo que vimos, vai ser pior do que a primeira. Precisamos de ter o mínimo de consenso político e técnico, de coesão social e unidade nacional para combater esta pandemia. Este ambiente existiu numa primeira fase; não existe agora”, refere o antigo líder ‘laranja’, que pede melhor comunicação por parte dos líderes do país, nomeadamente do primeiro-ministro ou Presidente da República.

Quanto ao Orçamento do Estado, o advogado não se mostra surpreendido com a decisão do Bloco de Esquerda de não viabilizar a proposta, antevendo que o partido seja castigado nas próximas eleições pela “incoerência” e “imaturidade” reveladas.

Lembrando que o partido viabilizou propostas anteriores com fundos destinados ao Novo Banco e agora chumba uma proposta que não prevê qualquer injeção no banco, Marques Mendes é da opinião que esta postura poderá não cair bem junto de parte do eleitorado bloquista. Ainda assim, o “teatro” dos últimos dias não afetará a aprovação do documento. “Quem chumbasse este OE cometia suicídio político”, segundo a opinião do social-democrata.

Também as palavras do Papa, que reconheceu o direito dos casais homossexuais a uniões de facto, mereceram comentário. Marques Mendes vê uma posição “de coragem” do líder da Igreja, que, argumenta, pretende projetar um futuro com maior reconhecimento dentro e fora da instituição.

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