A data já ficou marcada no calendário da história da Europa. Numa quinta-feira, dia 23 de junho de 2016, os cidadãos do Reino Unido optaram em referendo pela saída da União Europeia (UE). Após essa votação, com 51,9% a exigirem o Brexit, foi iniciado um caminho sem outra opção que não fosse a de prosseguir o abandono da parceria política e económica que envolvia os 28 países europeus, tal como a conhecíamos até agora.

Se houvesse um novo referendo o desfecho seria o mesmo? Não sabemos. E os resultados de um ato referendário em democracia não podem ser descartados apenas porque a vontade dos cidadãos não corresponde aquele que os responsáveis políticos entendam devesse ter sido o seu resultado.

O que sabemos é que, na primeira etapa antes da data aprazada para o Parlamento  ter que votar num draft do documento com mais de 500 páginas, que incluiria a proposta do governo para a negociação da saída e o modelo de relacionamento futuro entre o RU e a UE, incluindo as alterações de direitos para os cidadãos e as regras para o período de transição, entre vários outros tópicos… algo correu muito mal.

Pensava eu, tal como a maioria de nós, que o que estava em causa era a questão da votação, certificando aquele que seria mais um grande teste político para a primeira-ministra, Theresa May. No entanto, tal não aconteceu. Ainda antes do dia decisivo, May perdeu sem descurar essa parte importantíssima dos nossos alinhamentos que, não sendo nós nem  populistas nem conservadores, tem demonstrado do lado dela um vigor e uma resiliência política que têm surpreendido desde os crentes da primeira hora no seu programa até aos mais cépticos.

Após a ratificação pelos deputados britânicos e antes de 29 de março de 2019 – o ‘Brexit Day’ – será a vez de, no Parlamento Europeu, serem aprovados os termos do documento final, competindo em seguida ao Conselho Europeu a decisão final sobre o acordo. Com todo este calendário a apertar, diria que o tempo corre contra o Reino Unido, uma vez que este urge e a tolerância dos outros Estados membros é cada vez mais diminuta.

O termo deste processo terá necessariamente implicações diretas na vida de mais de 400 mil cidadãos portugueses e lusodescendentes que residem no Reino Unido. E aqui o Governo português tem a obrigação moral e material de defender os seus compatriotas e exigir uma resposta às muitas questões em aberto, que incitam um natural nervosismo social aos não britânicos que residem no Reino Unido.

As incertezas ainda são muitas quanto ao futuro, mas no plano da segurança europeia há a necessidade de uma resposta absolutamente primária de clarificação de uma política antiterrorista credível no espaço europeu. É importante ter presente que, com o Brexit, a Europa perde metade da sua dissuasão militar e não foi de todo por acaso que logo após o referendo, em agosto de 2016, Merkel, Renzi e Hollande escolheram um porta-aviões italiano para a realização de um encontro entre as três maiores economias da zona euro, durante o qual foram discutidos os efeitos do Brexit.

Todos estes fatores; os efeitos na vida dos cidadãos portugueses e lusodescendentes, as questões de segurança europeia e os riscos que o impacto do Brexit pode ter na nossa economia e das empresas portuguesas que transacionam bens e serviços com o Reino Unido, são razões para que sigamos de muito perto os próximos capítulos desta história.

 

Fernando Medina subiu ao palco do Pavilhão Carlos Lopes, de jaleca branca vestida, fingindo-se chef entre os verdadeiros chefs distinguidos na cerimónia da edição ibérica do Guia Michelin de 2019. Os dotes gastronómicos do presidente da CML são desconhecidos, já os ingredientes necessários para uma operação de propaganda, esses Medina conhece-os de sobra. No entanto, a encenação fotográfica não anulou as inúmeras críticas pela ausência de produtos portugueses entre as ofertas tradicionais no final do evento. Foi positivo que Portugal tenha sido, pela primeira vez, o anfitrião da gala. E estão de parabéns os chefs portugueses… os verdadeiros. Quanto ao Turismo de Portugal, à Câmara de Lisboa e à Associação de Turismo de Lisboa, para uma próxima convém que deem mais atenção àquilo que realmente interessa e menos à forma como aparecem no ‘boneco’.