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Mercado imobiliário desacelera em Portugal. “Existe um enorme desequilíbrio entre a oferta e a procura”, alerta APEMIP

Primeiro trimestre de 2019 registou 43.826 transações, mais 8% face ao períoho homólogo do ano passado. Mas menos 6% face aos alojamentos transacionados no último trimestre de 2018 com menos 2.595 transações. APEMIP explica desaceleração com forte desequilíbrio entre a oferta e a procura.
  • Cristina Bernardo
26 Junho 2019, 07h35

No primeiro trimestre de 2019, transacionaram-se 43.826 alojamentos familiares, mais 8% do que em igual período de 2018, registando-se como o melhor primeiro trimestre desde que há registo. Mas quando comparado com trimestre anterior, o número de vendas registou uma quebra de 6%, sinalizando uma desaceleração do mercado imobiliário português.

Os dados são do Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) que tem defendido que há clientes para todo o tipo de mercado, nacionais e estrangeiros, mas não há casas para vender, e as que há, sobretudo nas grandes cidades, estão a preços acima do que seria desejável.

“No primeiro trimestre de 2019 foram transacionados 43.826 alojamentos familiares, o que correspondeu a um aumento homólogo de 7,6%”, revela a  APEMIP, dando conta que por comparação ao trimestre anterior, o número de vendas de habitações registou uma redução de 5,6%. Ou seja, menos 2.595 transações face aos 46.421 alojamentos transacionados no quarto trimestre de 2018.

Para o presidente da APEMIP, Luís Lima, estes números não são surpreendentes, e revelam o ligeiro abrandamento já previsto pela Associação.

“Tendencialmente o primeiro trimestre do ano costuma apresentar um número de transações similar ou ligeiramente ao último trimestre do ano anterior, pelo que não há motivos para grande alarmismo, até porque, quando comparando com o período homólogo, os regista-se uma subida das vendas” afirma Luís Lima, acrescentando que “é natural que o mercado comece a assistir a uma ligeira quebra no número de transações, que se justifica essencialmente pela falta de oferta imobiliária, que não corresponde à enorme procura existente”.

O representante das imobiliárias alerta assim para a necessidade de aumentar o stock imobiliário, algo que diz só poder ser feito através da existência de construção nova. No entanto, indica que a mesma deve ser dirigida para o grosso da procura, que se situa nas classes média e média baixa.

Para Luís Lima, grande parte da construção que está a ser feita é dirigida para um segmento alto, mas é preciso que haja entrada de casas novas no mercado dirigidas para a classe média e média baixa que são o segmento que mais dificuldades tem em encontrar habitação à medida das suas necessidades e possibilidades.

“Existe um enorme desequilíbrio entre a oferta e a procura, tanto em número como em valor. Só com a introdução de ativos no mercado, se poderá aliviar os preços e dar resposta às necessidades dos jovens e famílias portugueses”, explica o presidente da APEMIP.

 

Transações somam 6,1 mil milhões de euros

O valor das transações de alojamentos familiares no primeiro trimestre do ano totalizou 6,1 mil milhões de euros, mais 12,9% que no período homólogo (5,4 mil milhões de euros).

Deste valor total, cerca de cinco mil milhões de euros correspondem a alojamentos existentes e 1,1 mil milhões de euros a transações de alojamentos novos. Em termos homólogos, representou um aumento de 12,3% e 15,1%, respetivamente.

Face ao trimestre anterior, o valor das transações registou uma redução de 0,9%. Por categoria, os alojamentos existentes apresentaram uma taxa de variação de 0,2%, tendo os alojamentos novos registado uma quebra de-5,5%.

Em termos regionais, no primeiro trimestre de 2019, foram vendidos 15.506 alojamentos familiares na Área Metropolitana de Lisboa (2,9 mil milhões de euros) e 12.428 na Região Norte (1,4 mil milhões de euros). A Área Metropolitana do Porto contou com 7.183 transações.

Segundo a APEMIP, no período em análise, dos 43.826 alojamentos transacionados, 37.436 respeitaram a alojamentos existentes, mais 7,5% face ao primeiro trimestre de 2018.

Já os alojamentos novos, com um peso de 14,6%, cresceram 8,4% face aos primeiros três meses de 2018, totalizando 6.390 habitações.

Numa análise trimestral, os alojamentos novos registaram uma redução mais expressiva do número de transações, menos 7,4%, tendo os alojamentos existentes registado uma taxa de variação de menos 5,3%.

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